quarta-feira, maio 30, 2007

Gloriar-se unicamente em Cristo


"Jesus disse a Simão: Não tenhas receio; de futuro, serás pescador de homens." (São Lucas 5, 10)
Como é grande a bondade de Cristo! Pedro foi pescador, e agora um orador merece um grande elogio se é capaz de compreender este pescador. Por isso, o apóstolo Paulo disse ao dirigir-se aos primeiros cristãos: “Considerai, pois, irmãos, a vossa vocação; não há entre vós muitos sábios, segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos nobres. Mas o que é louco segundo o mundo é que Deus escolheu para confundir os sábios; o que é fraco segundo o mundo, é que Deus escolheu para confundir o que é forte. O que é vil e desprezível no mundo, é que Deus escolheu, como também aquelas coisas que nada são, para destruir as que são” (1 Cor 1, 26-28).
Porque se Cristo tivesse escolhido em primeiro lugar um orador, o orador teria podido dizer: “Fui escolhido pela minha eloquência”. Se ele tivesse escolhido um senador, o senador teria podido dizer: “Fui escolhido por causa do meu cargo”. Enfim, se tivesse escolhido um imperador, o imperador teria podido dizer: “Fui escolhido devido ao meu poder”. Que essas pessoas esperem um pouco, que se mantenham tranquilas. Não serão esquecidas nem rejeitadas; que esperem um pouco, porque elas se podem glorificar do que são por si próprias.
“Dá-me, disse Cristo, este pescador, dá-me este homem simples e sem instrução, dá-me aquele com o qual o senador não se digna falar, mesmo quando lhe compra um peixe. Sim, dá-me este homem. Assim que eu o tiver preenchido, ver-se-á claramente que sou apenas eu que ajo. É verdade, concluirei também a minha obra no senador, no orador e no imperador…, mas a minha acção será mais evidente no pescador. O senador, o orador e o imperador podem gloriar-se daquilo que são: o pescador, unicamente de Cristo. Que o pescador venha ensinar-lhes a humildade que procura a salvação. Que o pescador passe primeiro.”
Santo Agostinho

terça-feira, maio 29, 2007

Misericórdia Divina

Misericórdia divina, que brota do seio do Pai, eu confio em ti.
Misericórdia divina, o maior atributo de Deus, eu confio em ti.
Misericórdia divina, mistério inconcebível, eu confio em ti.
Misericórdia divina, fonte que brota do mistério da Trindade santa, eu confio em ti.
Misericórdia divina, insondável a todo o espírito humano ou angélico, eu confio em ti.
Misericórdia divina, donde emana a vida e a felicidade, eu confio em ti.
Misericórdia divina, acima dos céus, eu confio em ti.
Misericórdia divina, manancial de milagres e de maravilhas, eu confio em ti.
Misericórdia divina, que envolves todo o universo, eu confio em ti.
Misericórdia divina, que vieste ao mundo na pessoa do Verbo incarnado, eu confio em ti.
Misericórdia divina, que escorres da ferida aberta do Coração de Jesus, eu confio em ti.
Misericórdia divina, contida no Coração de Jesus para nós e particularmente para os pecadores, eu confio em ti.
Misericórdia divina, insondável na instituição da santa Eucaristia, eu confio em ti.
Misericórdia divina, que fundaste a santa Igreja, eu confio em ti.
Misericórdia divina, no sacramento do santo Baptismo, eu confio em ti.
Misericórdia divina, nossa justificação por Jesus Cristo, eu confio em ti.
Santa Faustina Kowalska (1905-1938)
Religiosa

domingo, maio 27, 2007

Domingo de Pentecostes

"Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, com medo das autoridades judaicas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!» Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o peito. Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor. E Ele voltou a dizer-lhes: «A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós.» Em seguida, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos.»" (São João 20, 19-23)
Segundo o desígnio de Deus, no princípio, o Espírito de Deus encheu o universo, "desdobrando o seu vigor de um extremo do mundo ao outro e governando todas as coisas com doçura" (Sb 8,1). Mas, no que toca à sua obra de santificação, foi a partir do dia de Pentecostes que "o Espírito do Senhor encheu o universo" (Sb 1,7). Porque é hoje que este Espírito de doçura foi enviado pelo Pai e pelo Filho para santificar toda a criatura segundo um plano novo, uma maneira nova, uma manifestação nova do seu poder e da sua força.
Outrora, "o Espírito não tinha sido dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado" (Jo 7,39)... Hoje, vindo da sua morada celeste, o Espírito é dado às almas dos mortais com toda a sua riqueza, toda a sua fecundidade. Assim, este orvalho divino estende-se sobre toda a terra, na diversidade dos seus dons espirituais. E é justo que a plenitude das suas riquezas tenha escorrido para nós desde o alto dos céus, uma vez que, poucos dias antes, por generosidade da nossa terra, os céus tinham recebido um fruto de maravilhosa doçura... A humanidade de Cristo é toda a graça da terra; o Espírito de Cristo é toda a doçura do céu. Produziu-se então uma troca salvífica: a humanidade de Cristo subiu da terra ao céu; hoje, do céu desceu a nós o Espírito de Cristo...
Em todo o lugar o Espírito Santo age; em todo o lugar o Espírito toma a palavra. Sem dúvida que, antes da Ascensão, o Espirito do Senhor foi dado aos discípulos quando o Senhor lhes disse: "Recebei o Espírito Santo. Todos aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos". Mas, antes do Pentecostes, não se ouviu a voz do Espírito Santo, não se viu brilhar o seu poder. E o seu conhecimento não tinha chegado aos discípulos de Cristo, que não tinham sido confirmados na coragem, uma vez que o medo os obrigava ainda a esconder-se numa sala fechada à chave. Mas, a partir desse dia, "a voz do Senhor domina as águas.... cria lâminas de fogo... e todos exclamam: Glória!" (Sl 28, 3-9)
Aelred de Rielvaux (1110-1167)
Monge cisterciense inglês

sexta-feira, maio 25, 2007

Misericórdia de Deus

Imagem da Conversão de São Paulo ( Actos dos Apóstolos, Capítulo 9 )
É preciso que tenhamos sempre presente no nosso espírito o quanto todos os homens são rodeados por tantas manifestações do mesmo amor de Deus. Se a justiça tivesse precedido a penitência, o universo teria sido aniquilado. Se Deus estivesse pronto para o castigo, a Igreja não teria conhecido o apóstolo Paulo; não teria recebido um homem assim no seu seio. É a misericórdia de Deus que transforma o perseguidor em apóstolo; é ela que muda o lobo em cordeiro, e que fez de um publicano um evangelista (Mt 9, 9). É a misericórdia de Deus que, comovida com o nosso destino, nos transforma a todos; é ela que nos converte.
Ao ver o glutão de ontem pôr-se hoje a jejuar, o blasfemador de outrora falar de Deus com respeito, o infame de antigamente não abrir a boca a não ser para louvar a Deus, pode-se admirar esta misericórdia do Senhor. Sim irmãos, se Deus é bom para com todos os homens, é-o particularmente para com os pecadores.
Quereis mesmo ouvir algo de estranho do ponto de vista dos nossos hábitos, mas verdadeiro do ponto de vista da piedade? Escutai: ao passo que Deus se mostra exigente para com os justos, para com os pecadores não tem senão clemência e doçura. Que rigor para com os justos! Que indulgência para com o pecador! É esta a novidade, a inversão, que nos oferece a conduta de Deus… E eis porquê: assustar o pecador, sobretudo o pecador inveterado, seria privá-lo de toda a confiança, mergulhá-lo no desespero; lisonjear o justo, seria embotar o vigor da sua virtude, fá-lo-ia afrouxar no seu zelo. Deus é infinitamente bom! O seu temor é a salvaguarda do justo, e a sua clemência faz mudar o pecador.
S. João Crisóstomo (cerca 345-407)
Bispo de Antioquia depois de Constantinopla
Doutor da Igreja

quarta-feira, maio 23, 2007

Dizer "SIM" a Deus

"Nisto chegam sua mãe e seus irmãos que, ficando do lado de fora, o mandam chamar. A multidão estava sentada em volta dele, quando lhe disseram: «Estão lá fora a tua mãe e os teus irmãos que te procuram.» Jesus respondeu: «Quem são minha mãe e meus irmãos?» E, percorrendo com o olhar os que estavam sentados à volta dele, disse: «Aí estão minha mãe e meus irmãos. Aquele que fizer a vontade de Deus, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe.»" (São Marcos 3, 31-35)

Suplico-vos que presteis atenção àquilo que afirma Cristo Senhor, apontando para os discípulos: “Eis aqui a minha mãe e os meus irmãos”. E prossegue: “Aquele que faz a vontade de meu Pai, que me enviou, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Quer dizer que a Virgem Maria não fez a vontade do Pai, Ela que acreditou pela fé, que concebeu pela fé, que foi escolhida para que Dela nascesse a salvação em nosso favor, que foi criada em Cristo antes de Cristo ser criado Nela? Sim, Santa Maria fez a vontade do Pai e, consequentemente, é mais importante ter sido discípula de Cristo do que ter sido Mãe de Cristo; foi mais vantajoso para Ela ter sido discípula de Cristo do que ter sido sua Mãe. Maria era, pois, bem-aventurada porque, mesmo antes de dar à luz o Mestre, trouxe-o no seu seio.
Santa Maria, bem-aventurada Maria! E, no entanto, a Igreja vale mais do que a Virgem Maria. Por quê? Porque Maria é uma parte da Igreja, um membro eminente da Igreja, é certo, um membro superior aos outros, mas apesar de tudo um membro de todo o corpo. Portanto, caríssimos, vede que sois membros de Cristo, e sois corpo de Cristo (1Co 12, 27). Como? Prestai atenção ao que Ele diz: “Eis aqui a minha mãe e os meus irmãos”. E como sereis Mãe de Cristo? “Aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.

Santo Agostinho

terça-feira, maio 22, 2007

“Jesus, um homem que é alimento”

Quando veio a este mundo, Jesus amou-o de tal maneira que deu a sua vida por ele. Veio satisfazer a nossa fome de Deus. Como o fez? Transformou-se a si mesmo em Pão da Vida. Tornou-se pequeno, frágil, desarmado para nós. As migalhas de pão são tão minúsculas, que um bebé pode mastigá-las, que um agonizante consegue comê-las. Ele transformou-se em Pão da Vida para saciar o nosso apetite de Deus, a nossa fome de Amor.
Não me parece que tivéssemos podido amar a Deus se Jesus não se tivesse tornado um de nós. E foi para nos tornar capazes de amar a Deus que Ele se tornou um de nós em tudo, excepto no pecado. Criados à imagem de Deus, fomos criados para amar, porque Deus é amor. Pela sua paixão, Jesus ensinou-nos a perdoar por amor, a esquecer por humildade. Encontra Jesus e encontrarás a paz.
Beata Teresa de Calcutá

domingo, maio 20, 2007

Ascensão de Jesus

"Jesus disse-lhes: «Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e ressuscitar dentre os mortos, ao terceiro dia; que havia de ser anunciada, em seu nome, a conversão para o perdão dos pecados a todos os povos, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas destas coisas. E Eu vou mandar sobre vós o que meu Pai prometeu. Entretanto, permanecei na cidade até serdes revestidos com a força do Alto.» Depois, levou-os até junto de Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava, separou-se deles e elevava-se ao Céu. E eles, depois de se terem prostrado diante dele, voltaram para Jerusalém com grande alegria. E estavam continuamente no templo a bendizer a Deus." (São Lucas 24, 46-53)
"O Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi elevado ao céu e sentou-se à direita de Deus" (Mc 16, 19). Partia assim para o lugar de onde era, regressava de um lugar onde continuava a permanecer; com efeito, no momento em que subia ao céu com a sua humanidade, unia pela sua divindade o céu e a terra. O que temos de destacar na solenidade de hoje, irmãos bem amados, é a supressão do decreto que nos condenava e do julgamento que nos votava à corrupção. Na verdade, a natureza humana a quem se dirigem estas palavras: "Tu és terra e regressarás à terra" (Gn 3, 19), essa natureza subiu hoje ao céu com Cristo. É por isso, caríssimos irmãos, que temos de segui-lo com todo o nosso coração, até ao lugar onde sabemos pela fé que Ele subiu com o seu corpo. Fujamos dos desejos da terra: que nenhum dos lugares cá de baixo nos entrave, a nós que temos um Pai nos céus.
Pensemos também no facto de que aquele que subiu aos céus cheio de suavidade regressará com exigência... Eis, meus irmãos, o que deve guiar a vossa acção; pensai nisso continuamente. Mesmo se estais presos na confusão dos assuntos deste mundo, lançai desde hoje a âncora da esperança para a pátria eterna (He 6, 19). Que a vossa alma procure apenas a verdadeira luz. Acabamos de ouvir que o Senhor subiu ao céu; pensemos seriamente naquilo em que acreditamos. Apesar da fraqueza da natureza humana que nos retêm ainda cá em baixo, que o amor nos atraia a segui-lo, porque estamos certos de que aquele que nos inspirou este desejo, Jesus Cristo, não nos decepcionará na nossa esperança.
S. Gregório Magno (c. 540-604)
Papa, Doutor da Igreja

sexta-feira, maio 18, 2007

Amor

--O Amor de Deus é maior por uma só pessoa, do que o amor de todo o mundo por Deus.
--Quanto maior necessidade sentires em amar, mais amor terás para dar.
--Amar cura as nossas feridas, mas principalmente cura as feridas dos outros.
--Quem ama sabe perdoar e quem perdoa sabe amar.
Nelson Viana

quarta-feira, maio 16, 2007

Jesus Cristo

-- Jesus ao aceitar ser coroado Rei com uma coroa de espinhos, transmitiu-nos a mensagem de que para entrar no seu reino, também nós temos de aceitar os nossos próprios espinhos.
-- Actualmente procuramos a felicidade vivendo ao sabor das nossas paixões. Na realidade, só conseguiremos ser felizes, quando vivermos plenamente ao sabor da Paixão de Cristo.
-- Deixa que Cristo cresça em ti, para que tu possas crescer em Cristo.
-- Jesus Cristo: demonstra que O amas e Ele demonstrar-te-á o que é o Amor.
Nelson Viana

terça-feira, maio 15, 2007

Oração e Contemplação


--Não existem métodos para orar; o que existe são condições para ficar aberto à oração e para a receber.
--Procuro rezar sem palavras, para poder receber a Palavra.
--Com os olhos da cara vemos as obras de Deus, e com os olhos da mente contemplamos Deus nas suas obras.
--Contemplar é:
A beleza de poder ver Deus com os olhos fechados,
De poder escutar Deus no silêncio,
De poder tocar Deus sendo Ele sem forma,
De poder falar com Ele sem dizer nada.
--Contemplar é o chegar da nossa alma ao seu estado eterno de felicidade.
Nelson Viana

domingo, maio 13, 2007

Nossa Senhora de Fátima

A 13 de Maio de 1917, três crianças apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, freguesia de Fátima, concelho de Vila Nova de Ourém, hoje diocese de Leiria-Fátima. Chamavam-se Lúcia de Jesus, de 10 anos, e Francisco e Jacinta Marto, seus primos, de 9 e 7 anos. Por volta do meio dia, depois de rezarem o terço, como habitualmente faziam, entretinham-se a construir uma pequena casa de pedras soltas, no local onde hoje se encontra a Basílica. De repente, viram uma luz brilhante; julgando ser um relâmpago, decidiram ir-se embora, mas, logo abaixo, outro clarão iluminou o espaço, e viram em cima de uma pequena azinheira (onde agora se encontra a Capelinha das Aparições), uma "Senhora mais brilhante que o sol", de cujas mãos pendia um terço branco.

A Senhora disse aos três pastorinhos que era necessário rezar muito e convidou-os a voltarem à Cova da Iria durante mais cinco meses consecutivos, no dia 13 e àquela hora. As crianças assim fizeram, e nos dias 13 de Junho, Julho, Setembro e Outubro, a Senhora voltou a aparecer-lhes e a falar-lhes, na Cova da Iria. A 19 de Agosto, a aparição deu-se no sítio dos Valinhos, a uns 500 metros do lugar de Aljustrel, porque, no dia 13, as crianças tinham sido levadas pelo Administrador do Concelho, para Vila Nova de Ourém.
Na última aparição, a 13 de Outubro, estando presentes cerca de 70.000 pessoas, a Senhora disse-lhes que era a "Senhora do Rosário" e que fizessem ali uma capela em Sua honra. Depois da aparição, todos os presentes observaram o milagre prometido às três crianças em Julho e Setembro: o sol, assemelhando-se a um disco de prata, podia fitar-se sem dificuldade e girava sobre si mesmo como uma roda de fogo, parecendo precipitar-se na terra.
Posteriormente, sendo Lúcia religiosa de Santa Doroteia, Nossa Senhora apareceu-lhe novamente em Espanha (10 de Dezembro de 1925 e 15 de Fevereiro de 1926, no Convento de Pontevedra, e na noite de 13/14 de Junho de 1929, no Convento de Tuy), pedindo a devoção dos cinco primeiros sábados (rezar o terço, meditar nos mistérios do Rosário, confessar-se e receber a Sagrada Comunhão, em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria) e a Consagração da Rússia ao mesmo Imaculado Coração. Este pedido já Nossa Senhora o anunciara em 13 de Julho de 1917, na parte já revelada do chamado "Segredo de Fátima".
Anos mais tarde, a Ir. Lúcia conta ainda que, entre Abril e Outubro de 1916, tinha aparecido um Anjo aos três videntes, por três vezes, duas na Loca do Cabeço e outra junto ao poço do quintal da casa de Lúcia, convidando-os à oração e penitência.
Desde 1917, não mais cessaram de ir à Cova da Iria milhares e milhares de peregrinos de todo o mundo, primeiro nos dias 13 de cada mês, depois nos meses de férias de Verão e Inverno, e agora cada vez mais nos fins de semana e no dia-a-dia, num montante anual de quatro milhões.

sábado, maio 12, 2007

Deus vive em nós

13 de Maio, Sexto Domingo de Páscoa
"Respondeu-lhe Jesus: «Se alguém me tem amor, há-de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada. Quem não me tem amor não guarda as minhas palavras; e a palavra que ouvis não é minha, mas é do Pai, que me enviou». «Fui-vos revelando estas coisas enquanto tenho permanecido convosco; mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo, e há-de recordar-vos tudo o que Eu vos disse.» «Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz. Não é como a dá o mundo, que Eu vo-la dou. Não se perturbe o vosso coração nem se acobarde. Ouvistes o que Eu vos disse: 'Eu vou, mas voltarei a vós.' Se me tivésseis amor, havíeis de alegrar-vos por Eu ir para o Pai, pois o Pai é mais do que Eu. Digo-vo-lo agora, antes que aconteça, para crerdes quando isso acontecer. "
(São João 14, 23-29)
"O Pai e eu, dizia o Filho, viremos a casa dele, quer dizer, a casa do homem que é santo, e iremos morar junto dele". E eu penso que era deste céu que o profeta falava quando dizia: "Tu habitas entre os santos, tu, a glória de Israel" (Sl 21, 4 Vulg). E o apóstolo Paulo dizia claramente: "Pela fé, Cristo habita nos nossos corações" (Ef 3, 17). Não é, pois, de surpreender que Cristo se deleite em habitar nesse céu. Enquanto que para criar o céu visível lhe bastou falar, para adquirir esse outro teve de lutar, morreu para o resgatar. É por isso que, depois de todos os seus trabalhos, tendo realizado o seu desejo, Ele diz: "Eis o lugar do meu repouso para sempre, é ali a morada que eu tinha escolhido" (Sl 131, 14)
Agora, portanto, "porquê te desolares, ó minha alma, e gemeres sobre mim?" (Sl 41, 6). Pensas que podes também encontrar em ti um lugar para o Senhor? Que lugar em nós é digno de tal glória? Que lugar chegaria para receber a sua majestade? Poderei ao menos adorá-Lo nos lugares onde se detiveram os seus passos? Quem me concederá ao menos poder seguir o rasto de uma alma santa "que Ele tenha escolhido para seu domínio"? (Sl 31, 12).
Possa Ele dignar-se derramar na minha alma a unção da sua misericórdia, para que também eu seja capaz de dizer: "Corro pelo caminho das tuas vontades, porque alargaste o meu coração" (Sl 118,32). Poderei talvez, também eu, mostrar-lhe em mim, senão "uma grande sala toda preparada, em que Ele possa comer com os seus discípulos" (Mc 14, 15), pelo menos "um lugar em que Ele possa repousar a cabeça" (Mt 8, 20).
São Bernardo (1091-1153)
Monge cisterciense e Doutor da Igreja

quinta-feira, maio 10, 2007

Imitação de Cristo

"Um leproso veio ter com Jesus, caiu de joelhos e suplicou-Lhe: «Se quiseres, podes purificar-me.» Compadecido, Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse: «Quero, fica purificado.» Imediatamente a lepra deixou-o, e ficou purificado". (São Marcos 1, 40-42)

Certo dia em que passeava a cavalo na planície que fica perto de Assis, Francisco cruzou-se inesperadamente com um leproso. Teve um sentimento de horror intenso mas, lembrando-se da resolução de vida perfeita que tomara, e de que devia, antes de mais, vencer-se a si mesmo, se queria ser “soldado de Cristo” (2Tm 2, 3), saltou do cavalo para abraçar o infeliz. Este, que estendia a mão pedindo uma esmola, recebeu um beijo com o dinheiro. Em seguida, Francisco voltou a montar o cavalo. Mas, por muito que olhasse para um lado e para o outro, não viu o leproso. Cheio de admiração e de alegria, pôs-se a cantar louvores ao Senhor e prometeu não se deter neste acto de generosidade.
Abandonou-se então ao espírito de pobreza, ao gosto da humildade e aos impulsos de uma piedade profunda. Se até então a simples visão de um leproso o fazia estremecer de horror, passou a fazer-lhes todos os favores possíveis, com perfeita despreocupação por si mesmo, sempre humilde e muito humano; fazia-o por causa de Cristo crucificado que, nas palavras do profeta, “foi desprezado como um leproso” (Is 53, 3). Ia visitá-los com frequência, dava-lhes esmolas e, emocionado de compaixão, beijava-lhes afectuosamente as mãos e o rosto. E aos mendigos, não se contentando em lhes dar o que tinha, quereria dar-se a si mesmo – de maneira que, quando não levava dinheiro consigo, dava-lhes as suas vestes, descosendo-as ou rasgando-as para as distribuir.
Foi por esta altura que realizou a peregrinação ao túmulo do apóstolo Pedro, em Roma. Quando viu os mendigos que fervilhavam no chão da basílica, levado pela compaixão e atraído pelo amor da pobreza, escolheu um dos mais miseráveis, propôs-lhe trocar as suas vestes pelos farrapos com que o homem se cobria, e passou todo o dia na companhia dos pobres, a alma cheia de uma alegria que nunca, até então, conhecera.
São Boaventura (1221-1274)
Franciscano, Doutor da Igreja

terça-feira, maio 08, 2007

Para Meditar

-- “Ver o que é justo e não agir com justiça é a maior das covardias humanas.” Confúcio
-- "O que me preocupa não é o grito dos maus, mas sim, o silêncio dos bons."
Martin Luther King

-- "Ninguém comete erro maior do que não fazer nada porque só pode fazer pouco."
Edmund Burke (filósofo e político anglo-irlandês)
-- “É fazendo os outros felizes que encontraremos a nossa própria felicidade.”

São Marcellin Champagnat (Padre Francês)
-- “Devemos ser a mudança que queremos ver no mundo.”
Ghandi
-- “Do outro ou falamos bem, ou então não dizemos nada.”
Don Bosco
-- “Quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las.”
Madre Teresa de Calcutá
-- “O que eu faço, é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano seria menor.” Madre Teresa de Calcutá
-- “O mundo só pode ser
Melhor do que até aqui,
Quando consigas fazer
Mais p’los outros que por ti!”
António Aleixo (Poeta algarvio)

sábado, maio 05, 2007

O Mandamento Novo

"Depois de Judas ter saído, Jesus disse: «Agora é que se revela a glória do Filho do Homem e assim se revela nele a glória de Deus. E, se Deus revela nele a sua glória, também o próprio Deus revelará a glória do Filho do Homem, e há-de revelá-la muito em breve.» «Filhinhos, já pouco tempo vou estar convosco. Haveis de me procurar, e, assim como Eu disse aos judeus: 'Para onde Eu for vós não podereis ir', também agora o digo a vós. Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei. Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.»" ( São João 13, 31-33.34-35 )
“Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros” Quem escuta este mandamento, ou melhor, quem lhe obedece, é renovado não por qualquer amor, mas por aquele que o Senhor definiu, acrescentando, para o distinguir de afeição puramente natural: “Como eu vos amei…". “Todos os membros do corpo cuidam uns dos outros. Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro é honrado, todos os membros se alegram com ele” (1 Co 12, 25-26). Com efeito, eles ouvem e observam esta palavra: “Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros”, não como fazem os desregrados, nem os que se amam apenas porque têm a mesma natureza, mas como se amam os que são “deuses” (Jo 10,35) e “filhos do Altíssimo” (Lc 6,35), para se tornarem assim irmãos do Seu Filho único. Esses amam-se uns aos outros porque Ele próprio os amou, para os conduzir a um fim que os saciará, lá onde o seu desejo poderá saciar-se de todos os bens. Na verdade, todos os desejos serão satisfeitos quando Deus for « tudo em todos » (1 Co 15, 28)…
Aquele que ama o seu próximo com um amor puro e espiritual, quem amará nele senão Deus? É este amor que o Senhor quer separar da afeição puramente natural, ao acrescentar: “Como eu vos amei”. Que é que Ele amou em nós, senão Deus? Não Deus como nós o possuímos já, mas tal como Ele quer que o possuamos quando “Deus for tudo em todos”. O médico ama os doentes por causa da saúde que quer dar-lhes, não por causa da doença. “Assim como vos amei, amai-vos uns aos outros”. Foi para isso que Ele nos amou: para que, por nossa vez, nos amássemos uns aos outros.
Santo Agostinho

quinta-feira, maio 03, 2007

Silêncio e Oração

Jesus "...de madrugada, ainda escuro, levantou-se e saiu; foi para um lugar solitário e ali se pôs em oração." (São Marcos 1, 35)

O próprio Jesus, Deus e Senhor, cuja força não tinha necessidade de apoio no retiro nem estava entravada pela sociedade dos homens, teve contudo o cuidado de nos deixar o seu exemplo. Antes do seu ministério de pregação e de milagres, submeteu-Se, na solidão, à prova da tentação e do jejum (Mt 4, 1ss.). Narra a Escritura que, deixando a multidão dos discípulos, subiu sozinho à montanha, para rezar (Mc 6, 46). Depois, na hora em que a sua Paixão estava iminente, abandona os discípulos e vai rezar sozinho (Mt 26, 36): exemplo máximo das vantagens da solidão para a oração, pois não deseja rezar ao lado dos companheiros, mesmo que sejam os apóstolos.
Não nos convém deixar passar em silêncio semelhante mistério, que a todos diz respeito. Ele, o Senhor, o Salvador do género humano, oferece-nos na Sua Pessoa um exemplo vivo. Sozinho no deserto, entrega-Se à oração e aos exercícios da vida interior – ao jejum, à vigília e aos outros frutos de penitência –, vencendo assim as tentações do adversário com as armas do Espírito.
Ó Jesus, aceito que, exteriormente, ninguém esteja comigo; mas que seja para que, no interior, esteja ainda mais contigo. Infeliz do homem só, se Tu não estás só com ele! E quantos homens se encontram entre a multidão, mas na realidade estão sós, porque não estão contigo. Gostaria de, contigo, nunca estar só. Porque, nesses momentos em que ninguém está comigo, nem por isso estou só; sou, eu próprio, uma multidão.
Guigues, o Cartuxo (1083-1136)
Prior da Grande Cartuxa

quarta-feira, maio 02, 2007

Jesus: imagem do Pai

"Jesus levantou a voz e disse: «Quem crê em mim não é em mim que crê, mas sim naquele que me enviou; e quem me vê a mim vê aquele que me enviou. Eu vim ao mundo como luz, para que todo o que crê em mim não fique nas trevas. Se alguém ouve as minhas palavras e não as cumpre, não sou Eu que o julgo, pois não vim para condenar o mundo, mas sim para o salvar. Quem me rejeita e não aceita as minhas palavras tem quem o julgue: a palavra que Eu anunciei, essa é que o há-de julgar no último dia; porque Eu não falei por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, é que me encarregou do que devo dizer e anunciar. E Eu bem sei que este seu mandato traz consigo a vida eterna; por isso, as coisas que Eu anuncio, anuncio-as tal como o Pai as disse a mim.»" (São João 12, 44-50)
A invocação de Deus como "Pai" é conhecida em muitas religiões. A divindade é muitas vezes considerada "pai dos deuses e dos homens". Em Israel, Deus é chamado Pai enquanto Criador do mundo. Deus é Pai, mais ainda, em razão da Aliança, e do dom da Lei a Israel, seu "filho primogênito" (Ex 4, 22). É também chamado Pai do rei de Israel. Muito particularmente Ele é "o Pai dos pobres", do órfão e da viúva que estão sob sua proteção de amor.
Jesus revelou que Deus é "Pai" num sentido inaudito: não o é somente enquanto Criador, mas é eternamente Pai em relação a seu Filho único, que só é eternamente Filho em relação a seu Pai: "Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece O Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11, 27).
É por isso que os apóstolos confessam Jesus como "o Verbo" que "no início estava junto de Deus" e que "é Deus" (Jo 1, 1), como "a imagem do Deus invisível" (Cl 1, 15), como "o resplendor de sua glória e a expressão do seu ser" (Hb 1, 3).
Na esteira deles, seguindo a Tradição apostólica, a Igreja, no ano de 325, no primeiro Concílio Ecumênico de Niceia, confessou que o Filho é "consubstancial" ao Pai, isto é, um só Deus com Ele. O segundo Concílio Ecuménico, reunido em Constantinopla em 381, conservou esta expressão em sua formulação do Credo de Niceia e confessou "o Filho Único de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos, luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai".
Catecismo da Igreja Católica
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