domingo, setembro 30, 2007

Evangelho do Dia - Pobres e Ricos

O homem rico e o pobre Lázaro, evangeliário do imperador Otão III, tesouro da Catedral de Aachen
«Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino e fazia todos os dias esplêndidos banquetes. Um pobre, chamado Lázaro, jazia ao seu portão, coberto de chagas. Bem desejava ele saciar-se com o que caía da mesa do rico; mas eram os cães que vinham lamber-lhe as chagas. Ora, o pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. Na morada dos mortos, achando-se em tormentos, ergueu os olhos e viu, de longe, Abraão e também Lázaro no seu seio. Então, ergueu a voz e disse: 'Pai Abraão, tem misericórdia de mim e envia Lázaro para molhar em água a ponta de um dedo e refrescar-me a língua, porque estou atormentado nestas chamas.' Abraão respondeu-lhe: 'Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em vida, enquanto Lázaro recebeu somente males. Agora, ele é consolado, enquanto tu és atormentado. Além disso, entre nós e vós há um grande abismo, de modo que, se alguém pretendesse passar daqui para junto de vós, não poderia fazê-lo, nem tão pouco vir daí para junto de nós.' O rico insistiu: 'Peço-te, pai Abraão, que envies Lázaro à casa do meu pai, pois tenho cinco irmãos; que os previna, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.' Disse lhe Abraão: 'Têm Moisés e os Profetas; que os oiçam!' Replicou-lhe ele: 'Não, pai Abraão; se algum dos mortos for ter com eles, hão-de arrepender-se.' Abraão respondeu-lhe: 'Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas, tão pouco se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dentre os mortos.'» (São Lucas 16, 19-31)
A parábola do rico e de Lázaro é a que parece dar a chave para compreender tudo o que São Lucas diz sobre os pobres e ricos. Aparentemente trata-se de uma parábola que fala sobre a riqueza e a pobreza. Em nenhum momento se diz ou insinua-se que o rico fosse um malvado, ou que o pobre fosse bom ou piedoso. Diz-se simplesmente que o pobre vai para o “seio de Abraão”, porque durante a sua vida recebeu coisas más, e que o rico é condenado só pelo facto de ter recebido bens na sua vida terrena (Lucas 16, 25). Até este ponto, pareceria que os pobres são felizes porque a sua situação mudará depois da sua morte. Mas não é bem assim: em vários textos do Livro dos Actos, Lucas descreve a comunidade cristã primitiva (2, 42-47; 4, 32-35; 5, 12-16). No primeiro destes textos diz-se que os primeiros cristãos “se reuniam todos assiduamente para escutar os ensinamentos dos Apóstolos e participar na vida comum, na fracção do pão e nas orações…” (2, 42-45). Enquanto os membros da comunidade vendiam os seus campos para repartir o dinheiro, o traidor Judas utilizou o seu dinheiro para comprar um campo (Actos 1, 18). Dividiam os bens, ao mesmo tempo que recebiam em comum os ensinamentos, a celebração da Eucaristia e a oração. A distribuição dos bens entre todos, é uma forma de expressar a união de todos os corações, que começa com a participação, em comum, de todos os bens que receberam de Deus, por meio do Evangelho. Mais adiante, volta ao mesmo tema e afirma que não havia pobres entre eles (4, 34). A pobreza tinha desaparecido, a partir do momento que dividiam os seus bens e assim todos comiam com alegria (2, 46). Na comunidade cristã cumpre-se o anúncio das bem-aventuranças, porque já neste mundo muda a situação dos pobres, dos famintos e dos que choram. Os ricos, tão mal vistos por Lucas, seriam então os que não partilhavam com os outros e ficam com tudo só para si.
São Lucas escreve: “A multidão dos que tinham abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas entre eles tudo era comum” (Actos 4, 32). São frases que se encontram nos escritores gregos quando definem ou descrevem a amizade. Longe de pensar num sistema económico, Lucas descreve a comunidade cristã como uma comunidade de amigos. Mas não é só um ideal para os perfeitos ou uma virtude humana, como pensavam os filósofos gregos, mas sim uma realidade que acontece já neste mundo, porque na comunidade cristã tudo se partilha a partir do amor que Cristo depositou no coração de cada um. Por isso, põem à disposição dos outros tudo o que têm, com a finalidade de que os aproveitem, “segundo a necessidade de cada um” (Actos 2, 45; 4, 35).
O mundo pagão, ao qual se dirige a pregação de Lucas, estava cheio de contrastes económicos: ricos, pobres, miseráveis, patrões e escravos. Lucas oferece-lhes um exemplo de uma sociedade diferente, onde se vive como irmãos e desaparecem as desigualdades irritantes. Muito mais do que recomendar aos cristãos que sejam generosos com os pobres, Lucas propõe que todos partilhem, para que desapareçam as diferenças sociais.
Voltando à parábola do rico e do pobre, alguns detalhes do relato parecem aludir a outra situação, que vai para além do problema entre ricos e pobres: o rico dirige-se a Abraão chamando-o de “pai” (16, 24.27 e 30), enquanto que Abraão responde chamando-o de “filho” (16, 25); este rico tem irmãos, dos quais se diz que “têm a Moisés e aos Profetas” (16, 29); por último afirma-se que estes irmãos “não se convencerão, ainda que ressuscite um morto” (16, 31). Todos estes detalhes tomados em conjunto, fazem pensar que esta parábola tem elementos alegóricos: o rico seria o povo judeu (tem como pai a Abraão, tem Moisés e os Profetas, não aceitou a mensagem da ressurreição do Senhor); este povo é rico porque recebeu uma quantidade de bens da parte de Deus: a eleição, a aliança, os mandamentos, o culto, a predicação de Deus, etc., enquanto que o pobre representaria os pagãos, que não receberam nada disto (por exemplo Romanos 9, 4-5; Efésios 2, 11-12). Então, se Lucas põe um rico como figura do povo judeu e um pobre como figura do povo pagão, chega-se à conclusão de que o primeiro bem que o rico deve partilhar é o Evangelho. Se todos devem partilhar as riquezas, a primeira destas é a salvação, para que esta chegue a todos aqueles que ainda não a têm.
Lucas quer criar nos seus ouvintes uma consciência de que, para ser cristão, tem que se partilhar, sendo uma necessidade interior à qual não se pode renunciar nem se deve descurar. No entanto, deve-se partilhar a todos os níveis, começando pelos mais importantes, o Evangelho, até aos que são menos importantes, mas necessários, como os bens materiais.
"Evangelho Segundo São Lucas"
Luís Heriberto Rivas

quinta-feira, setembro 27, 2007

Por amor... Uma carta

Uma carta pelo Darfur
Na era das novas tecnologias, na era do viver a vida sempre a correr, da falta constante de tempo, fomos pouco a pouco deixando de escrever cartas…Aquelas cartas escritas com o nosso pulso, aquelas que retratam a nossa caligrafia e no fundo tanto de nós!
E se uma carta se transformasse num gesto de amor…Estaríamos dispostos a parar um pouco para escrever uma carta?
È este o novo apelo por Darfur!
Escrever uma carta, dirigida à Presidência da União Europeia, apelando por este povo! Por Amor… uma Carta! Por tantas vidas inocentes…Uma Carta! Não percam tempo escrevam a vossa carta! Publicai no vosso blog esta iniciativa! E peçam a todos os vossos contactos que façam o mesmo! Darfur precisa de um gesto de Amor! As cartas (por correio ou por mail) deverão ser enviadas para:
Por amor… Uma carta
CVJ – Missionários Combonianos
Areeiro
3030-168 Coimbra
Iniciativa promovida em conjunto com: Eu estou aki
PS: As cartas serão entregues na presidência da união europeia no mesmo momento da entrega da petição em curso
Post publicado no site: http://jovensemissao.blogspot.com/

terça-feira, setembro 25, 2007

Espírito Santo: O Guia dos Justos

O Espírito Santo retratado como uma pomba no vitral que fica atrás da Cátedra da Basílica de São Pedro, Roma.
«Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora. Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa. Ele não falará por si próprio, mas há-de dar-vos a conhecer quanto ouvir e anunciar-vos o que há-de vir. Ele há-de manifestar a minha glória, porque receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer. Tudo o que o Pai tem é meu; por isso é que Eu disse: 'Receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer'.» (São João 16,12-15)
O Espírito Santo, o Paráclito, o Defensor, é Aquele que, como um sopro, o Pai e o Filho enviam à alma dos justos. É por Ele que somos santificados e merecemos ser santos. O sopro humano é a vida dos corpos; o sopro divino é a vida dos espíritos. O sopro humano torna-nos sensíveis; o sopro divino torna-nos santos. Este Espírito é Santo, porque, sem ele, nenhum espírito – nem angélico nem humano – pode ser santo.“O Pai – diz Jesus – vo-Lo enviará em meu nome” (Jo 14, 26), isto é, em minha glória, para manifestar a minha glória; ou ainda, porque Ele tem o mesmo nome que o Filho: é Deus. “Ele Me glorificará”, porque vos tornará espirituais e vos levará a compreender como o Filho é igual ao Pai e não simplesmente um homem como O vedes, ou porque vos tirará todo o temor e vos fará anunciar a minha glória a todo o mundo. Porque, a minha glória é a salvação dos homens.“Ele vos ensinará todas as coisas”. “Filhos de Sião, alegrai-vos”, diz o profeta Joel, porque o Senhor vosso Deus vos deu Aquele que ensina a justiça” (2, 23 Vulg.), que vos há-de ensinar tudo o que diz respeito à salvação.
Santo António (c. 1195-1231); Franciscano, Doutor da Igreja
http://www.leme.pt/biografias/santos/santoantonio/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Santo_Ant%C3%B3nio_de_Lisboa

domingo, setembro 23, 2007

Evangelho do Dia - "Tendes só um Mestre, ... o Cristo" (Mt 23,8)

Renuncia de São Francisco de Assis aos Bens Mundanos (http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_de_Assis)

"...nenhum servo pode servir a dois senhores; ou há-de aborrecer a um e amar o outro, ou dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro." (São Lucas 16, 1-13)

«Nenhum servo pode servir a dois senhores». Não quer dizer que haja dois: há um único Mestre. Porque, mesmo se há pessoas que servem o dinheiro, este, contudo, não possui qualquer direito para ser seu mestre; elas é que querem carregar o jugo da escravatura. Na verdade, não se trata de um poder justo mas de uma escravatura injusta. É por isso que Jesus diz: «Arranjem amigos com o dinheiro desonesto» para que, pelas nossas prodigalidades para com os pobres, obtenhamos o favor dos anjos e dos outros santos.

O intendente não é criticado: aprendemos assim que não somos senhores, mas apenas intendentes das riquezas de outrem. Embora tenha cometido uma falta, ele é louvado porque, dando aos outros em nome do seu senhor, conseguiu apoios. E Jesus bem fala de «dinheiro enganador», porque a avareza tenta as nossas inclinações pelas variadas seduções das riquezas, a ponto de nos querermos tornar seus escravos. É por isso que ele diz: «Se não sois dignos de confiança com os bens dos outros, quem vos dará o vosso?» As riquezas são-nos estranhas porque estão fora da nossa natureza; não nascem connosco, não nos seguem quando morrermos. Cristo, pelo contrário, é nosso porque é a vida... Não sejamos escravos dos bens exteriores porque apenas devemos reconhecer a Cristo como nosso Senhor.

Santo Ambrósio (c. de 340-397); Bispo de Milão e Doutor da Igreja

sexta-feira, setembro 21, 2007

São Mateus: Apóstolo e Evangelista

"Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-me!» E ele levantou-se e seguiu-o. Encontrando-se Jesus à mesa em sua casa, numerosos cobradores de impostos e outros pecadores vieram e sentaram-se com Ele e seus discípulos. Os fariseus, vendo isto, diziam aos discípulos: «Porque é que o vosso Mestre come com os cobradores de impostos e os pecadores?» Jesus ouviu-os e respondeu-lhes: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide aprender o que significa: Prefiro a misericórdia ao sacrifício. Porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.»" (São Mateus 9, 9-13)
«Levantou-se e seguiu-O.» A concisão da frase põe claramente em evidência a prontidão de Mateus a responder à chamada. Para ele isso significava abandonar tudo, sobretudo o que lhe garantia uma fonte segura de recursos, que era no entanto desonrosa e muitas vezes injusta. Mateus compreendeu pela evidência que a intimidade com Jesus o impedia de seguir uma actividade desaprovada por Deus. Facilmente se tira daqui uma lição para o presente: também hoje é inadmissível o apego a coisas incompatíveis com a caminhada de seguir a Jesus, como é o caso das riquezas desonestas. Certa vez, Ele disse sem rodeios: «Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que possuis, dá-o aos pobres e terás um tesouro nos céus. Depois vem e segue-Me» (Mt 19,21). Foi o que fez Mateus: «Levantou-se e seguiu-O». Neste «levantou-se» conseguimos ler um nítido repúdio pela situação de pecado e simultaneamente a adesão consciente a uma nova existência, recta, na comunhão com Jesus.
Lembremos que a tradição antiga da Igreja é unânime em atribuir a Mateus a paternidade do primeiro Evangelho. Já Papias, bispo de Hierápoles, na Frígia, o tinha dito, cerca do ano 130. Escreveu : «Mateus verteu as palavras (do Senhor) em língua hebraica, e cada um as interpretou como podia» (in Eusébio de Cesareia, Hist. Ecl. III, 39, 16). O historiador Eusébio acrescenta esta informação: «Mateus, que primeiro pregara entre os judeus, quando a certa altura decidiu ir também evangelizar outros povos, escreveu na língua materna o Evangelho que anunciava. Procurou deste modo recompensar aqueles de quem se separava, substituindo pela escrita o que perdiam com a sua partida» (III, 24, 6). Já não possuímos o Evangelho escrito por Mateus em hebreu ou em aramaico, mas no Evangelho grego que chegou até nós continuamos a ouvir ainda, de alguma maneira, a voz persuasiva do publicano Mateus que, tornado apóstolo, continua a anunciar-nos a misericórdia salvífica de Deus, e escutamos essa mensagem de S. Mateus, nela meditando sempre, e de novo, sempre, para aprendermos, também nós, a levantarmo-nos e a seguir Jesus com determinação.
Papa Bento XVI

quarta-feira, setembro 19, 2007

segunda-feira, setembro 17, 2007

Ser humilde como o Mestre


"...ora, se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros.Na verdade, dei-vos exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais também. Em verdade, em verdade vos digo, não é o servo mais do que o seu Senhor, nem o enviado mais do que aquele que o envia. Uma vez que sabeis isto, sereis felizes se o puserdes em prática." (São João 13, 14-17)
Por que sofre o homem nesta terra? Por que suporta as dores e se sujeita aos males?
Sofremos porque não somos humildes. O Espírito Santo habita uma alma humilde, dando-lhe a liberdade, a paz, o amor e a felicidade. Sofremos porque não amamos os nossos irmãos. O Senhor disse: “É por isto que todos saberão que sois Meus discípulos: Se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35). Quando amamos um irmão, o amor de Deus vem a nós. O amor de Deus é de uma grande doçura; é um dom do Espírito Santo, que não se conhece em plenitude senão pelo Espírito Santo. Mas existe um amor moderado, o amor que o homem obtém quando se esforça por cumprir os mandamentos de Cristo e receia ofender a Deus; e também esse é bom. Temos de nos esforçar todos os dias por fazer o bem e por aprender, com todas as nossas forças, a humildade de Cristo.
São Siluane (1866-1938), monge ortodoxo

domingo, setembro 16, 2007

Evangelho do Dia - Deus à procura do homem perdido

"Aproximavam-se de Jesus todos os cobradores de impostos e pecadores para o ouvirem. Mas os fariseus e os doutores da Lei murmuravam entre si, dizendo: «Este acolhe os pecadores e come com eles.» Jesus propôs-lhes, então, esta parábola: «Qual é o homem dentre vós que, possuindo cem ovelhas e tendo perdido uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai à procura da que se tinha perdido, até a encontrar? Ao encontrá-la, põe-na alegremente aos ombros e, ao chegar a casa, convoca os amigos e vizinhos e diz-lhes: 'Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida.' Digo-vos Eu: Haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não necessitam de conversão.» «Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perde uma, não acende a candeia, não varre a casa e não procura cuidadosamente até a encontrar? E, ao encontrá-la, convoca as amigas e vizinhas e diz: 'Alegrai-vos comigo, porque encontrei a dracma perdida.' Digo-vos: Assim há alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte.» Disse ainda: «Um homem tinha dois filhos....(parábola do filho pródigo)» (São Lucas 15, 1-32)
Como a fraqueza dos homens não é capaz de manter um ritmo firme neste mundo escorregadio, o bom médico mostra-te os remédios contra os desvios, e o juiz misericordioso não recusa a esperança do perdão. Não foi sem motivo que S. Lucas apresentou três parábolas em sequência: a ovelha que se tinha perdido e que foi encontrada, a moeda que estava perdida e se encontrou, o filho que estava morto e regressou à vida. É para que este triplo remédio nos comprometa a cuidar das nossas feridas... A ovelha cansada foi trazida pelo pastor; a moeda extraviada foi encontrada; o filho volta para trás e regressa ao encontro do pai no arrependimento do seu desvario...
Alegremo-nos, pois, pelo facto de que esta ovelha que se tinha perdido em Adão seja reerguida em Cristo. Os ombros de Cristo são os braços da cruz; foi lá que depus os meus pecados, foi sobre esse madeiro que encontrei repouso. Aquela ovelha é única na sua natureza, mas não nas suas pessoas, porque todos nós formamos um só corpo mas somos muitos membros. É por isso que está escrito: "Vós sois o corpo de Cristo e membros dos seus membros" (1 Co 2, 27). "O Filho do homem veio para salvar o que estava perdido" (Lc 19, 10), quer dizer, todos os homens, uma vez que "todos morrem em Adão, tal como todos revivem em Cristo" (1 Co 15, 22)...
Também não é indiferente que esta mulher se alegre por ter encontrado a moeda: é que nesse moeda figura a imagem de um príncipe. De igual modo, a imagem do Rei é o bem da Igreja. Nós somos ovelhas: peçamos então ao Senhor que nos conduza à água do descanso (Sl 22, 2). Nós somos ovelhas: peçamos as pastagens. Nós somos a moeda: guardemos o nosso valor. Nós somos filhos: corramos para o Pai.
Santo Ambrósio (c. 340-397), Bispo de Milão
Doutor da Igreja

quinta-feira, setembro 13, 2007

Concentração pela Paz no Darfur

Voltando a falar-vos do Darfur... Este domingo celebra-se o Dia Internacional do Darfur.Como forma de se chamar a atenção para o drama humanitário que se vive na região, vai haver concentrações na rua em vários países.
Aqui em Portugal, vai haver uma concentração a pedir a Paz pelo Darfur, no domingo dia 16, às 18h, no Largo Camões, Baixa-Chiado, Lisboa.
Tragam uma fita ou tira de pano preto. Têm mais informações em http://www.pordarfur.org/htmls/EElluAyykFYoVPNzcE.shtml . O simbolismo desta “venda” preta é o silêncio da comunidade internacional perante uma situação que já é considerada genocídio pela ONU.
Se puderem apareçam!
Post publicado em: http://deusemtudoesempre.blogspot.com/

quarta-feira, setembro 12, 2007

Alegria Cristã

"Assim como o Pai me tem amor, assim Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu, que tenho guardado os mandamentos do meu Pai, também permaneço no seu amor. Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa." (São João 15, 9-11)
A alegria é oração. A alegria é força. A alegria é amor. A alegria é como uma rede de amor que prende as almas. “Deus ama o que dá com alegria” (2 Co, 9, 7). Quem dá com alegria dá mais. Não há melhor maneira de manifestarmos a nossa gratidão a Deus e aos homens do que tudo aceitar com alegria. Um coração ardente de amor é necessariamente um coração alegre. Não permitais nunca que a tristeza vos invada, a ponto de vos fazer esquecer a alegria de Cristo ressuscitado.
Todos temos um desejo ardente do céu, onde Deus se encontra. Ora, está nas mãos de todos nós estarmos, desde já, no céu com Ele, sermos felizes com Ele já neste momento. Mas esta felicidade imediata com Ele significa amar como Ele ama, ajudar como Ele ajuda, dar como Ele dá, servir como Ele serve, socorrer como Ele socorre, permanecer com Ele em todas as horas do dia, tocar o Seu próprio Ser por trás do rosto da aflição humana.
Beata Teresa de Calcutá

segunda-feira, setembro 10, 2007

Obter a Paz

Poderíamos gozar de grande paz se não nos importássemos com o que dizem e fazem os outros e que não nos diz respeito. Como permanecer longamente em paz quando nos metemos nos assuntos dos outros, quando procuramos ocupações por fora, quando nunca ou muito pouco nos recolhemos? Felizes os simples, porque possuirão grande paz! Porque é que alguns santos foram tão perfeitos e contemplativos? Porque se aplicaram a fazer morrer todos os seus desejos terrestres: dessa forma, puderam agarrar-se a Deus de todo o seu coração e dedicar-se livremente à sua vida espiritual. Mas nós estamos demasiado invadidos pelos nossos desejos; preocupamo-nos demasiado com o que se passa... É raro que nos desembaracemos de um só defeito; o cuidado do progresso quotidiano não nos entusiasma e, por isso, mantemo-nos frios ou mornos.
Se estivéssemos verdadeiramente mortos para nós mesmos, sem as nossas preocupações interiores, também poderíamos saborear as coisas divinas, ter alguma experiência de contemplação. O maior obstáculo, o único obstáculo, é que estamos demasiado presos às nossas paixões e aos nossos desejos para entrarmos no caminho perfeito dos santos. Quando nos acontece a menor contrariedade, deixamo-nos abater demasiado depressa e voltamo-nos para as consolações humanas. Se nos esforçássemos, como homens fortes, a permanecer firmes no combate, receberíamos certamente o socorro de Deus, porque Ele está sempre pronto a ajudar os que lutam e contam com a sua graça... Oh! se tu soubesses que paz viria a ti, que alegria irradiaria sobre os outros, como serias mais cuidadoso com o teu avanço espiritual!...
Imitação de Cristo
Tratado espiritual do século XV
Livro 1, cap. 11

sábado, setembro 08, 2007

Evangelho do Dia - Ser discípulo de Cristo

"Seguiam com Ele grandes multidões; e Jesus, voltando-se para elas, disse-lhes: «Se alguém vem ter comigo e não me tem mais amor que ao seu pai, à sua mãe, à sua esposa, aos seus filhos, aos seus irmãos, às suas irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não tomar a sua cruz para me seguir não pode ser meu discípulo. Quem dentre vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro para calcular a despesa e ver se tem com que a concluir? Não suceda que, depois de assentar os alicerces, não a podendo acabar, todos os que virem comecem a troçar dele, dizendo: 'Este homem começou a construir e não pôde acabar.' Ou qual é o rei que parte para a guerra contra outro rei e não se senta primeiro para examinar se lhe é possível com dez mil homens opor-se àquele que vem contra ele com vinte mil? Se não pode, estando o outro ainda longe, manda-lhe embaixadores a pedir a paz. Assim, qualquer de vós, que não renunciar a tudo o que possui, não pode ser meu discípulo.»" (São Lucas 14, 25-33)
Escuta a voz de Deus que te impele a sair de ti para seguires a Cristo e serás um discípulo perfeito: "Quem não renunciar a tudo o que tem não pode ser meu dicípulo". Que tens tu a dizer? Que podes responder a isto? Todas as tuas hesitações e as tuas questões caem diante desta única palavra; a palavra da verdade é a senda sublime por onde avançarás. Jesus disse ainda: "Quem não renunciar a todos os seus bens e não tomar a sua cruz para caminhar após mim, não pode ser meu discípulo". E, para nos ensinar a renunciar não apenas aos nossos bens, para o glorificarmos, e ao mundo, para o confessarmos diante dos homens, mas também à nossa vida, acrescentou: "Se alguém não renunciar a si mesmo, não pode ser meu discípulo"... Noutro lugar disse: "Quem perder a sua vida neste mundo, guarda-a para a vida eterna. Se alguém me servir, o Pai honrá-lo-á" (Jo 12, 25 sg). E disse ainda aos seus: "Levantai-vos. Partamos daqui" (Jo 14, 31). Por esta palavra mostrou que, tanto o seu lugar como o dos discípulos, não é aqui em baixo.
Senhor, onde iríamos então? "Ali onde eu estiver, que o meu servo esteja também" (Jo 12, 26). Se Jesus nos grita: "Levantai-vos, partamos daqui!", quem será suficientemente estulto para aceitar ficar com os mortos nos túmulos e permanecer entre os sepultados? Cada vez que o mundo quiser reter-te, lembra-te da palavra de Cristo: "Levantai-vos, partamos daqui!" Se estiveres vivo, esta voz chegará para te estimular. Cada vez que quiseres sentar-te, instalar-te, comprazer-te a ficar onde estás, lembra-te desta voz premente que te diz: "Levanta-te, partamos daqui!"
De todo o modo, terás de partir; mas vai como Jesus vai; vai porque Ele to diz e não porque a morte te leva contra a tua vontade. Quer queiras quer não, estás no caminho daqueles que partem. Parte então por causa da palavra do teu Mestre e não por simples constrangimento. "Levanta-te, partamos daqui!"... Porque te demoras? Cristo também caminha contigo.
Filoxeno de Mabboug (? - c. 523), Bispo na Síria

quinta-feira, setembro 06, 2007

Gestos de amor pelo Darfur

A campanha pelo e com o Darfur tem dado bons frutos, graças a Deus. São várias as pessoas que se têm empenhado para tirarem do silêncio o sofrimento deste povo.
Este fim-de-semana vai haver duas iniciativas:
- Vigília organizada pelo grupo de jovens da paróquia de Porto Salvo

Na Igreja da Cartuxa (Caxias - Lisboa), no dia 8 de Setembro de 2007, às 21h.
- Campanha da iniciativa da Elsa do blog Eu Estou Aki
(http://eu-estou-aki.blogspot.com/)
No Retaxo, Castelo Branco, nas Festas em honra de Nossa Senhora da Guia.
Muito obrigado a todos os que estão por esta causa. Se alguém quiser realizar alguma actividade de sensibilização, mande-me um mail para mariajoaogracia@hotmail.com.
No final deste post, deixo-vos com um comentário do Padre Feliz da Costa, o missionário comboniano que se encontra no Darfur com os refugiados. Dá que pensar...
"Sei, de teologia certa, que ninguém pode culpar Deus por esta situação... A culpa desta guerra e dos males que se lhe seguem, não haja dúvida, é só nossa, dos interesses políticos e mesquinhos dos homens. E sei também, de teologia ainda mais certa, que «Deus é amor» e não pode senão amar estes seus filhos e filhas".
Padre Feliz da Costa, missionário comboniano em Nyala, no Darfur

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