"...Depois de terem comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-me mais do que estes?» Pedro respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.» Jesus disse-lhe: «Apascenta os meus cordeiros.»..." (São João 21, 1-19)
“Tu amas?... Tu amas-me? …” Para sempre, até ao fim da sua vida, Pedro devia caminhar acompanhado desta tripla questão: “Tu amas-me?” E ele conformaria todas as suas actividades à resposta que então tinha dado. Quando foi convocado perante o Sinédrio. Quando foi preso em Jerusalém, prisão da qual não devia sair, e da qual contudo saiu. E … em Antioquia, depois ainda mais longe, de Antioquia a Roma. E quando em Roma ele perseverou até ao fim dos seus dias, conheceu a força das palavras segundo as quais um Outro o conduzia para onde ele não queria. E ele sabia que, graças à força dessas palavras, a Igreja “era assídua ao ensino dos apóstolos e à união fraterna, à fracção do pão e às orações” e que “o Senhor acrescentava todos os dias à comunidade os que seriam salvos” (Ac 2, 24.48).
Pedro não pode nunca desligar-se desta pergunta: “Tu amas-me?” Ele leva-a consigo para onde quer que vá. Leva-a através dos séculos, através das gerações. No meio de novos povos e de novas nações. No meio de línguas e de raças sempre novas. Leva-a sozinho, e contudo não está mais sozinho. Outros a levam com ele… Há muitos e muitos homens e mulheres que souberam e que sabem ainda hoje que toda a sua vida tem valor e sentido apenas e exclusivamente na medida em que é resposta a esta mesma questão: “Tu amas? Tu amas-me?” Deram e dão a sua resposta de forma total e perfeita – uma resposta heróica – ou então de uma forma comum, vulgar. Mas em todos os casos sabem que a sua vida, que a vida humana em geral, tem valor e sentido na medida em que é resposta a esta questão: “Tu amas?” É apenas graças a esta questão que a vida vale a pena ser vivida.
João Paulo II
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