domingo, dezembro 31, 2006

Póspero Ano Novo

Que neste novo ano possamos continuar a percorrer o Caminho que leva ao conhecimento da Verdade, para que a nossa vida não seja em vão, e para que no final da caminhada, sejamos abençoados com a "verdadeira" Vida.
Estes são os votos sinceros do...

Nelson Viana

Um verdadeiro casamento, uma verdadeira família

"Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. Quando Ele chegou aos doze anos, subiram até lá, segundo o costume da festa. Terminados esses dias, regressaram a casa e o menino ficou em Jerusalém, sem que os pais o soubessem.
Pensando que Ele se encontrava na caravana, fizeram um dia de viagem e começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Não o tendo encontrado, voltaram a Jerusalém, à sua procura. Três dias depois, encontraram-no no templo, sentado entre os doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas. Todos quantos o ouviam, estavam estupefactos com a sua inteligência e as suas respostas. Ao vê-lo, ficaram assombrados e sua mãe disse-lhe: «Filho, porque nos fizeste isto? Olha que teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura!» Ele respondeu-lhes: «Porque me procuráveis? Não sabíeis que devia estar em casa de meu Pai?» Mas eles não compreenderam as palavras que lhes disse.
Depois desceu com eles, voltou para Nazaré e era-lhes submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração. E Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens." (São Lucas 2,41-52)
Ao dizer a José : "Não temas e toma contigo Maria, tua esposa" (Mateus 1,20), o anjo não se enganava… O título de "mulher" não era nem vão nem mentiroso, porque aquela Virgem fazia a felicidade de seu marido, de uma forma tanto mais perfeita e admirável quanto ela se tornava mãe sem a participação daquele marido, fecunda sem ele mas fiel com ele. É por causa desse casamento autêntico que mereceram ser chamados, um e outro, "pais de Cristo" - não só ela, “sua mãe”, mas ele também “seu pai”, enquanto esposo de sua mãe, pai e esposo segundo o espírito, não segundo a carne.
Ambos – ele apenas pelo espírito, ela mesmo na sua carne – são pais da sua humildade, não da sua nobreza, pais da sua fraqueza, não da sua divindade. Vede o que diz o Evangelho que não pode mentir: "A sua mãe disse-lhe: Meu filho, porque nos fizeste isto? Vê como teu pai e eu te procurávamos angustiados?". Jesus, querendo mostrar que tinha também, para além deles, um Pai que o tinha gerado sem mãe, respondeu-lhes: "Porque me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?" E, para que não se pense que falando assim estava a renegar os seus pais, o evangelista acrescenta: “Desceu com eles, regressou a Nazaré e era-lhes submisso"… Porque se submeteria ele aos que eram tão inferiores à sua natureza divina? Porque, “aniquilando-se a si mesmo, tomou uma natureza de servo" (Fil 2,7), segundo a qual eles eram seus pais. Se eles não estivessem unidos por um verdadeiro casamento, não teriam podido os dois ser chamados pais dessa natureza de servo.
Santo Agostinho

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Pronunciar-se por Cristo em frente dos homens

Em cada dia podes ser testemunha de Cristo. Foste tentado pelo espírito de impureza; mas...julgaste que não convinha manchar a castidade do espírito e do corpo: tu és mártir, quer dizer, testemunha de Cristo... Foste tentado pelo espírito do orgulho; mas ao ver o pobre e o indigente, foste tomado de uma terna compaixão, preferiste a humildade à arrogância: tu és testemunha de Cristo. Melhor do que isso: não deste o teu testemunho apenas com palavras mas também com actos.
Qual é o testemunho mais seguro? Quem confessa que o Senhor Jesus veio para o meio de nós na carne (1 João 4,2) e quem observa os preceitos do Evangelho... Quantos não há, em cada dia, desses mártires escondidos de Cristo, que confessam o Senhor Jesus! O apóstolo Paulo conheceu esse martírio e o testemunho de fé rendido a Cristo, ele que disse: A nossa glória consiste no testemunho da nossa consciência (2 Cor 1,12). Porque quantos confessaram a fé exteriormente mas a negaram interiormente!... Sede pois fieis e corajosos nas perseguições interiores para triunfardes também nas perseguições exteriores. Nas perseguições de dentro igualmente há reis e governadores, juízes com um poder temível. Tu tens um exemplo nas tentações sofridas pelo Senhor (Mt 4,1s).
Santo Ambrósio (cerca 340-397), bispo e doutor da Igreja

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Oração pelas vocações

Espírito de Amor eterno,
Que procedes do Pai e do Filho,
Agradecemos-Te todas as vocações
De apóstolos e de santos que fecundaram a Igreja.
Prossegue a Tua obra, nós Te pedimos.
Recorda-Te desse momento em que, no Pentecostes,
Desceste sobre os apóstolos reunidos em oração
Com Maria, Mãe de Jesus,
E olha a Tua Igreja, que tem hoje
Particular necessidade de sacerdotes santos,
De testemunhas fiéis e autorizadas da Tua graça,
Que tem necessidade de homens e mulheres consagrados
Que irradiem a alegria daqueles que vivem apenas para o Pai,
Daqueles que fazem sua a missão e a oferenda de Cristo,
Daqueles que constroem o mundo novo na caridade.

Espírito Santo, fonte eterna de alegria e de paz,
Tu abres o coração e o espírito ao apelo divino;
Tu tornas eficaz o impulso
Para o bem, a verdade, a caridade.
Os teus gemidos inexprimíveis
Elevam-se ao Pai do coração da Igreja
Que sofre e luta pelo Evangelho.
Abre o coração e o espírito dos jovens e das jovens,
Para que nova floração de vocações santas
Mostre a fidelidade do Teu amor,
E todos possam conhecer a Cristo,
Luz verdadeira que veio ao mundo
Para oferecer a cada ser humano
A esperança segura da vida eterna. Ámen.

João Paulo II
XXXV Jornada Mundial das Vocações,
3 de Maio de 1998

quarta-feira, dezembro 27, 2006

"Prefiro a misericórdia"

"Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide aprender o que significa: Prefiro a misericórdia ao sacrifício. Porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores." (São Mateus 9, 12-13)

Amando o teu inimigo, tu desejas que ele seja para ti um irmão. O que nele amas não é o que ele é, mas o que queres que ele seja. Imaginemos um pedaço de madeira de carvalho não trabalhada. Um artesão que seja hábil vê aquela madeira, cortada no bosque; o pedaço de madeira agrada-lhe; não sei o que vai fazer com ela, mas não é para que fique como está que o artista gosta daquela madeira. A sua arte fá-lo ver o que aquele pedaço de madeira pode vir a ser; o seu amor não se dirige para a madeira em bruto: ele ama o que vai fazer dela e não a madeira em bruto.
Foi assim que Deus nos amou quando éramos pecadores. Com efeito, ele diz: "Não são os que têm saúde que precisam de um médico, mas sim os doentes". Amou-nos pecadores para que permanecêssemos pecadores? O Artesão viu-nos como um pedaço de madeira em bruto, vinda do bosque, mas o que ele tinha em vista era a obra que extrairia dali e não a madeira, nem o bosque.
Também tu: vês o teu inimigo opor-se a ti, irritar-te com palavras mordazes, tornar-se rude com as suas afrontas, perseguir-te com a sua raiva. Mas estás atento ao facto de que se trata de um homem. Vês tudo o que esse homem fez contra ti mas vês nele que foi feito por Deus. Enquanto homem, ele é obra de Deus; a raiva que tem contra ti é obra dele. E que dizes, no fundo do teu coração? "Senhor, sê benevolente para com ele, perdoa-lhe os seus pecados, inspira-lhe o teu temor, converte-o." Neste homem, tu não amas o que ele é mas o que queres que ele seja. Portanto, quando amas o teu inimigo, amas um irmão.
Santo Agostinho

terça-feira, dezembro 26, 2006

Cristo, ontem, hoje, e para sempre

O mundo actual apresenta-se simultâneamente poderoso e débil, capaz do melhor e do pior, tendo patente diante de si o caminho da liberdade ou da servidão, do progresso ou da regressão, da fraternidade ou do ódio. E o homem torna-se consciente de que a ele compete dirigir as forças que suscitou, e que tanto o podem esmagar como servir. Por isso se interroga a si mesmo.
Na verdade, os desequilíbrios de que sofre o mundo actual estão ligados com aquele desequilíbrio fundamental que se radica no coração do homem. Porque no íntimo do próprio homem muitos elementos se combatem. Enquanto, por uma parte, ele se experimenta, como criatura que é, multiplamente limitado, por outra sente-se ilimitado nos seus desejos, e chamado a uma vida superior. Atraído por muitas solicitações, vê-se obrigado a escolher entre elas e a renunciar a algumas. Mais ainda, fraco e pecador, faz muitas vezes aquilo que não quer e não realiza o que desejaria fazer (Romanos 7,14). Sofre assim em si mesmo a divisão, da qual tantas e tão grandes discórdias se originam para a sociedade...
Todavia, perante a evolução actual do mundo, cada dia são mais numerosos os que põem ou sentem com nova acuidade as questões fundamentais: Que é o homem? Qual o sentido da dor, do mal, e da morte, que, apesar do enorme progresso alcançado, continuam a existir? Para que servem essas vitórias, ganhas a tão grande preço? Que pode o homem dar à sociedade, e que coisas pode dela receber? Que há para além desta vida terrena?
A Igreja, por sua parte, acredita que Jesus Cristo, morto e ressuscitado por todos, oferece aos homens pelo seu Espírito a luz e a força para poderem corresponder à sua altíssima vocação; nem foi dado aos homens sob o céu outro nome, no qual devam ser salvos (Actos 4,12). Acredita também que a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontram no seu Senhor e mestre. E afirma, além disso, que, subjacentes a todas as transformações, há muitas coisas que não mudam, cujo último fundamento é Cristo, o mesmo ontem, hoje, e para sempre (Hebreus 13,8).
Concílio Vaticano II
Constituição sobre a Igreja no mundo actual

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Nasceu o Salvador

"No princípio existia o Verbo; o Verbo estava em Deus; e o Verbo era Deus.
No princípio Ele estava em Deus. Por Ele é que tudo começou a existir; e sem Ele nada veio à existência.
Nele é que estava a Vida de tudo o que veio a existir. E a Vida era a Luz dos homens. A Luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a receberam.
Apareceu um homem, enviado por Deus, que se chamava João. Este vinha como testemunha, para dar testemunho da Luz e todos crerem por meio dele. Ele não era a Luz, mas vinha para dar testemunho da Luz.
O Verbo era a Luz verdadeira, que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina. Ele estava no mundo e por Ele o mundo veio à existência, mas o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a quantos o receberam, aos que nele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram de laços de sangue, nem de um impulso da carne, nem da vontade de um homem, mas sim de Deus.
E o Verbo fez-se homem e veio habitar connosco. E nós contemplámos a sua glória, a glória que possui como Filho Unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade. João deu testemunho dele ao clamar: «Este era aquele de quem eu disse: 'O que vem depois de mim passou-me à frente, porque existia antes de mim.'»
Sim, todos nós participamos da sua plenitude, recebendo graças sobre graças. É que a Lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram-nos por Jesus Cristo.
A Deus jamais alguém o viu. O Filho Unigénito, que é Deus e está no seio do Pai, foi Ele quem o deu a conhecer." (São João 1,1-18)
Jesus Cristo nasceu, rendei-lhe glória! Cristo desceu dos céus, correi para ele! Cristo está sobre a terra, exaltai-o! “Cantai ao Senhor, terra inteira. Alegria no céu; terra, exulta de alegria!” (Sl 96,1.11). Do céu, ele vem habitar no meio dos homens; estremecei de temor e de alegria: de temor, por causa do pecado; de alegria, por causa da nossa esperança. Hoje, as sombras se dissipam e a luz se eleva sobre o mundo; como outrora no Egipto envolto em trevas, hoje uma coluna de fogo ilumina Israel. O povo, que estava sentado nas trevas da ignorância, contempla hoje essa imensa luz do verdadeiro conhecimento porque “o mundo antigo desapareceu, todas as coisas são novas” (2 Co 5,17). A letra recua, o espírito triunfa (Rm 7,6); a prefiguração passa, a verdade aparece (Col 2,17).
Aquele que nos deu a existência quer também inundar-nos de felicidade; essa felicidade que o pecado nos havia feito perder, a incarnação do Filho nos devolve… Tal é esta solenidade: saudamos hoje a vinda de Deus ao meio dos homens para que possamos, não chegar mas regressar para junto de Deus; a fim de que nos despojemos do homem velho e nos revistamos do Homem novo (Col 3,9), a fim de que, mortos em Adão, vivamos em Cristo (1 Co 15,22).
Celebremos pois este dia, cheios de uma alegria divina, não mundana, mas uma verdadeira alegria celeste.
Que festa, este mistério de Cristo! Ele é a minha plenitude, o meu novo nascimento.
São Gregório Nazianzeno (330-390), bispo, doutor da Igreja

domingo, dezembro 24, 2006

FELIZ NATAL

Busquemos em nós a estrela que leva ao encontro do Salvador, a Humildade, para que Ele nos encha de sabedoria, bondade, Amor.
FELIZ NATAL, são os votos sinceros do...
Nelson Viana

sábado, dezembro 23, 2006

"O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas"

Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Então, erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor? Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio. Feliz de ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor.» São Lucas 1, 39-45.
Quando toca um coração, é típico do Espírito Santo afastar dele toda a tibieza. Ele ama a prontidão, é inimigo dos adiamentos, dos atrasos na execução da vontade de Deus... "Maria partiu apressadamente"...
Que graças se teriam derramado sobre a casa de Zacarias quando Maria ali entrou! Se Abraão recebeu tantas graças por ter albergado três anjos em sua casa, que benções se derramaram sobre a casa de Zacarias onde entrou o Anjo do Grande Conselho (Is 9,6), a verdadeira arca da Aliança, o divino profeta, Nosso Senhor escondido no seio de Maria! Toda a casa ficou repleta de alegria: o menino estremeceu, o pai recuperou a fala, a mãe ficou cheia do Espírito Santo e recebeu o dom da profecia. Vendo Nossa Senhora entrar em sua casa, ela exclamou: "De onde me vem esta graça, que a Mãe do meu Deus me venha visitar?"... E Maria, ouvindo o que sua prima dizia em seu louvor, humilhou-se e rendeu glória a Deus de todo o seu coração. Confessando que toda a sua felicidade procedia desse Deus que "tinha olhado para a humildade da sua serva", ela entoou o belo e admirável do seu Magnificat.
Como devemos estar transbordantes de alegria, também nós, quando nos visita esse divino Salvador no Santíssimo Sacramento ou através das graças interiores, as palavras que dia a dia Ele diz no nosso coração!
São Francisco de Sales (1567-1622), bispo de Genebra e doutor da Igreja

sexta-feira, dezembro 22, 2006

"Senhor, salva-nos!"

Ó meu Deus, o meu coração é como um vasto mar sempre agitado pelas tempestades: que ele encontre em ti a paz e o repouso. Tu ordenaste aos ventos e ao mar que se acalmassem e, à tua voz, eles amansaram; vem pacificar as agitações do meu coração para que tudo em mim fique calmo e tranquilo, para que eu possa possuir-te, a ti, meu único bem, e contemplar-te, suave luz dos meus olhos, sem perturbação nem obscuridade. Ó meu Deus, que a minha alma, liberta dos pensamentos tumultuosos deste mundo, "se esconda à sombra das tuas asas" (Sl 16,8). Que ela encontre perto de ti um lugar de refrigério e de paz; transportada de alegria, que ela possa cantar: "Agora posso adormecer em ti e em ti repousar em paz" (Sl 4,9).
Que ela repouse, te peço meu Deus, que ela repouse das lembranças de tudo o que está por baixo do céu, desperta só para ti, como está escrito: "Eu durmo, mas o meu coração vigia" (Ct 5,2). A minha alma só pode estar em paz e em segurança, ó meu Deus, sob as asas da tua protecção (Sl 94,4). Que ela fique então eternamente em ti e seja abrasada do teu fogo. Elevando-se acima de si mesma, que ela te contemple e cante os teus louvores na alegria. No meio das perturbações que me agitam, que os teus dons sejam a minha doce consolação, até que eu chegue a ti, a ti que és a paz verdadeira.
Santo Agostinho

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Ter um coração puro

Se alguém sente que Deus lhe pede que se comprometa na reforma da sociedade, isso é um assunto entre ele e o seu Deus. Todos nós temos o dever de servir Deus segundo o apelo que sentimos. Eu sinto-me chamada ao serviço dos indivíduos, a amar cada ser humano. Nunca penso em termos de massa, de grupo, mas sempre nas pessoas concretas. Se pensasse nas multidões, nunca iniciaria nada; é a pessoa que conta; acredito nos encontros cara a cara.
A plenitude do nosso coração transparece nos nossos actos: a forma como me comporto com os leprosos, com este ou aquele agonizante, com este ou aquele sem-abrigo. Por vezes, é mais difícil trabalhar com os vagabundos do que com os moribundos dos nossos hospícios, porque estes estão em paz, na expectativa, prontos a partir ao encontro de Deus. Mas, quando se trata de um bêbado que refila, é mais difícil pensar que estamos frente a frente com Jesus escondido nele. Como devem ser puras e amáveis as nossas mãos para manifestarem a compaixão para com essas pessoas!
Ver Jesus na pessoa que está espiritualmente mais pobre exige um coração puro. Quanto mais desfigurada estiver a imagem de Deus numa pessoa, tanto maiores devem ser a fé e a veneração na nossa busca do rosto de Jesus e no nosso ministério de amor junto dela... Façamo-lo com um sentimento de profundo reconhecimento e piedade. O amor e a alegria de servir devem ser à medida do carácter repugnante da tarefa a realizar.
Beata Teresa de Calcutá

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Caridade

Qual é o primeiro acto da caridade? Que actividade tem um coração animado por ela? O que sai desse coração, que é diferente do que sai do coração de um homem dela desprovido? Fazer bem a todos como gostaríamos que nos fizessem a nós; é nisso que consiste o sumário da caridade. Faço ao meu próximo o que desejo que ele me faça? Ah!, que grande exame a fazer.
Contemplemos o Filho de Deus: que coração de caridade, que chama de amor! Meu Jesus, dizei-nos, por favor, o que foi que vos retirou do céu para virdes sofrer a maldição da terra, tantas perseguições e tormentos que recebestes? Ó Salvador, ó fonte do amor, humilhado até nós, até um suplício infame, que amastes mais o próximo do que a Vós mesmo. Viestes expor-vos a todas as nossas misérias, tomar a forma de pecador, levar uma vida de dor e sofrer uma morte vergonhosa por nós. Haverá amor semelhante? Nosso Senhor foi o único que se apaixonou de tal maneira pelas criaturas, que abandonou o trono de seu Pai para vir tomar um corpo sujeito às enfermidades.
E para quê? Para estabelecer entre nós, pelo seu exemplo e a sua palavra, a caridade ao próximo. Oh meus amigos, se tivéssemos um pouco deste amor, ficaríamos de braços cruzados? Oh não, a caridade não pode permanecer ociosa; ela incita-nos à salvação e à consolação dos nossos irmãos.
São Vicente de Paula (1581-1660)

terça-feira, dezembro 19, 2006

Não julgar

«Não julgueis, para não serdes julgados; pois, conforme o juízo com que julgardes, assim sereis julgados; e, com a medida com que medirdes, assim sereis medidos. Porque reparas no argueiro que está na vista do teu irmão, e não vês a trave que está na tua vista? Como ousas dizer ao teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro da tua vista, tendo tu uma trave na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e, então, verás melhor para tirar o argueiro da vista do teu irmão.» (São Mateus 7, 1-5)
Certas pessoas convertem em maus humores todos os alimentos que absorvem, mesmo que sejam alimentos de boa qualidade. A responsabilidade não é dos alimentos, mas do temperamento dessas pessoas, que altera os alimentos. Da mesma maneira, se a nossa alma tiver uma disposição má, tudo lhe fará mal; até as coisas vantajosas serão por ela transformadas em coisas prejudiciais. Não é verdade que, se deitarmos umas ervas amargas num pote de mel, as ervas alteram todo o conteúdo do pote, tornando amargo o mel? É isso que nós fazemos: espalhamos um pouco do nosso azedume e destruímos o bem do próximo, olhando para ele a partir da nossa má disposição.
Outras pessoas têm um temperamento que transforma tudo em bons humores, incluindo os alimentos nocivos. Os porcos têm uma excelente constituição. Comem cascas, caroços de tâmaras e lixo. Contudo, transformam estes alimentos em viandas suculentas. Também nós, se tivermos bons hábitos e um bom estado de alma, tudo poderemos aproveitar, incluindo aquilo que não é aproveitável. Muito bem diz o Livro dos Provérbios: Quem olha com doçura obterá misericórdia (12, 13). Mas também: Todas as coisas são contrárias ao homem insensato (14, 7).
Ouvi dizer de um irmão que, quando ia visitar outro irmão e encontrava a cela descuidada e desordenada, pensava: Que feliz que é este irmão, que está completamente desprendido das coisas terrenas, elevando totalmente o seu espírito para o alto, de tal maneira que nem tem tempo para arrumar a cela! Quando ia visitar outro irmão e encontrava a cela arrumada e em boa ordem, pensava: A cela deste irmão está tão arrumada como a sua alma. Tal como a sua alma, assim é a sua cela. E nunca dizia de nenhum deles: Este é desordenado. Ou: Este é frívolo. Graças ao seu excelente estado de alma, de tudo tirava proveito.
Que Deus, na sua bondade, nos dê, também a nós, um estado bom para que possamos tudo aproveitar, sem nunca pensarmos mal do próximo. Se a nossa malícia nos inspirar juízos e suspeitas, transformemo-los rapidamente no pensamento. Pois não ver o mal do próximo engendra, com a ajuda de Deus, a bondade.
Doroteu de Gaza (cerca 500-?), monge da Palestina
Carta 1

domingo, dezembro 17, 2006

Santíssima Trindade

O Pai, o Filho e o Espírito Santo são de uma só substância e de uma inseparável igualdade. A unidade está na essência, a pluralidade nas pessoas. O Senhor indica abertamente a unidade da essência divina e a trindade das pessoas quando diz: Baptizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Não diz nos nomes, mas em nome, mostrando assim a unidade da essência. Em seguida, porém, emprega três nomes, para mostrar que há três pessoas.
Nesta trindade se encontra a origem suprema de todas as coisas, a beleza perfeita, a alegria bem-aventurada. A origem suprema, afirma Santo Agostinho no seu livro sobre a verdadeira religião, é Deus Pai, de quem provêm todas as coisas, de quem procedem o Filho e o Espírito Santo. A beleza perfeita é o Filho, a verdade do Pai, que em nada se distingue dele, que veneramos com o Pai e no Pai, que é o modelo de todas as coisas, porque tudo foi feito por Ele e tudo se refere a Ele. A alegria bem-aventurada, a soberana bondade, é o Espírito Santo, que é o dom do Pai e do Filho; e devemos crer e manter que este dom é exactamente como o Pai e o Filho.
Ao contemplar a criação, concluímos pela Trindade de uma só substância. Apreendemos um só Deus: Pai, de quem somos, Filho, por quem somos, Espírito Santo, em quem somos. Príncipe, a quem recorremos; modelo, que seguimos; graça, que nos reconcilia.
Santo António

sábado, dezembro 16, 2006

"Tem na mão a pá de joeirar"

"E as multidões perguntavam-lhe: «Que devemos, então, fazer?» Respondia-lhes: «Quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos faça o mesmo.» Vieram também alguns cobradores de impostos, para serem baptizados e disseram-lhe: «Mestre, que havemos de fazer?» Respondeu-lhes: «Nada exijais além do que vos foi estabelecido.»
Por sua vez, os soldados perguntavam-lhe: «E nós, que devemos fazer?» Respondeu-lhes: «Não exerçais violência sobre ninguém, não denuncieis injustamente e contentai-vos com o vosso soldo.»
Estando o povo na expectativa e pensando intimamente se ele não seria o Messias, João disse a todos: «Eu baptizo-vos em água, mas vai chegar alguém mais forte do que eu, a quem não sou digno de desatar a correia das sandálias. Ele há-de baptizar-vos no Espírito Santo e no fogo. Tem na mão a pá de joeirar, para limpar a sua eira e recolher o trigo no seu celeiro; mas queimará a palha num fogo inextinguível.» E, com estas e muitas outras exortações, anunciava a Boa-Nova ao povo." (São Lucas 3,10-18)
O baptismo pelo qual Jesus baptiza é "no Espírito Santo e no fogo". Se fores santo, serás baptizado no Espírito Santo; se fores pecador, serás mergulhado no fogo. O mesmo baptismo tornar-se-á condenação e fogo para os pecadores indignos; mas os santos, aqueles que se convertem ao Senhor com uma fé verdadeira, receberão a graça do Espírito Santo e a salvação.
Portanto, aquele de quem se diz que baptiza "no Espírito Santo e no fogo" "tem na mão a pá de joeirar e vai limpar a sua eira e malhar o trigo; guardará o grão no celeiro; quanto à palha, queimá-la-á no fogo que não se extingue". Gostaria de descobrir por que motivo nosso Senhor tem na mão a pá de joeirar e com que sopro vai a palha leve ser transportada para aqui e para ali, enquanto o trigo, mais pesado, se acumula num único lugar, uma vez que, se o vento não soprar, não se pode separar o trigo da palha.
Creio que por vento se devem entender as tentações que, na multidão dos crentes, revelam que uns são palha e outros são trigo. Porque, quando a vossa alma foi dominada por uma tentação, não foi a tentação que a transformou em palha, mas é porque éreis já palha, quer dizer, homens levianos e sem fé, que a tentação revelou a vossa verdadeira natureza. Em contrapartida. quando enfrentais corajosamente as tentações, não é a tentação que vos torna fiéis e constantes; ela revela apenas as virtudes de constância e de coragem que estavam em vós, mas de uma forma escondida... "Afligi-te e fiz-te sentir a fome para manifestar o que tinhas no teu coração" (Dt 8,3-5).
Orígenes (cerca de 185 - 253), presbítero e teólogo

sexta-feira, dezembro 15, 2006

"Simão, filho de João, amas-me mais do que estes?"

O sucessor de Pedro sabe que, na sua pessoa e na sua actividade, é a graça de Deus que suporta, vivifica e adorna tudo; e, perante o mundo inteiro, é na troca de amor entre Jesus e ele, Simão, filho de João, que a Igreja encontra o seu apoio, como um suporte invisível e visível: Jesus invisível aos olhos da carne e o Papa, Vigário de Cristo, visível aos olhos do mundo inteiro. Pesando bem este mistério de amor entre Jesus e o seu Vigário, que honra e que doçura para mim mas, ao mesmo tempo, que motivo de confusão para a pequenez, para o nada que eu sou!
A minha vida deve ser toda de amor por Jesus e, ao mesmo tempo, total efusão de bondade e de sacrifício para com cada alma e para com o mundo inteiro.
Neste episódio, a passagem é directa para a lei do sacrifício. É o próprio Jesus que o anuncia a Pedro: "Em verdade, em verdade, te digo: quando eras jovem, punhas o teu cinto e ias para onde querias; quando fores velho, estenderás as mãos, outro atará o teu cinto e levar-te-á para onde não quererias". (Jo 21, 18)
Pela graça do Senhor, ainda não entrei nessa "velhice" mas, com os meus oitenta anos agora cumpridos, já estou no patamar. Devo por isso estar pronto para este último período da minha vida em que me esperam as limitações e os sacrifícios, até ao sacrifício da vida corporal e à abertura para a vida eterna.
Oh Jesus!, eis-me pronto a estender as mãos, as minhas mãos já trémulas e débeis, e a permitir que outro me ajude a vestir e me apoie no caminho. Senhor, tu acrescentaste a Pedro: "levar-te-ão onde não quererias". Oh! após tantas graças de que beneficiei durante a minha longa vida, já não há nada que eu não queira! Foste tu que me abriste o caminho, oh Jesus! "Seguir-te-ei onde quer que tu vás" (Mt 8,19).
Beato João XXIII (1881-1963), Papa
Diário da Alma

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Que quereis fazer de mim?

Vossa sou, para Vós nasci,
Que quereis fazer de mim?

Soberana Majestade,
Eterna Sabedoria,
Bondade tão boa para a minha alma,
Vós, Deus, Alteza, Ser Único, Bondade,
Olhai para a minha baixeza,
Para mim que hoje Vos canto o meu amor.
Que quereis fazer de mim?

Vossa sou, pois me criastes,
Vossa, pois me resgatastes,
Vossa, pois me suportais,
Vossa, pois me chamastes,
Vossa, pois me esperais,
Vossa, pois não estou perdida,
Que quereis fazer de mim?

Que quereis então, Senhor tão bom,
que faça tão vil servidor?
Que missão destes a este escravo pecador?

Eis-me aqui, meu doce amor,
Meu doce amor, eis-me aqui.
Que quereis fazer de mim?

Eis o meu coração,
que coloco em Vossas mãos,
com o meu corpo, minha vida, minha alma,
minhas entranhas e todo o meu amor.
Doce Esposo, meu Redentor,
para ser Vossa, me ofereci,
que quereis fazer de mim?

Dai-me a morte, dai-me a vida,
a saúde ou a doença
dai-me honra ou desonra
a guerra, ou a maior paz,
a fraqueza ou a paz plena,
a tudo isso, digo sim:
Que quereis fazer de mim?

Vossa sou, para Vós nasci,
Que quereis fazer de mim?

Santa Teresa d'Ávila

quarta-feira, dezembro 13, 2006

"Para que encontreis em mim a paz"

Senhor, desde os dias da minha juventude, que o meu espírito busca um não sei quê, com uma sede impaciente. O que é então, Senhor? Ainda não consegui apreendê-lo perfeitamente. Há tantos anos que o desejo ardentemente e ainda não consegui apreendê-lo... E contudo é mesmo o que atrai o meu coração e a minha alma, e sem o que não posso estabelecer-me numa verdadeira paz.
Senhor, eu queria procurar a minha felicidade nas criaturas deste mundo, como via tanta gente fazer à minha volta. Mas quanto mais buscava, menos encontrava; quanto mais me aproximava, mais me afastava. Com efeito, todas as coisas me diziam: «Eu não sou aquilo que procuras». És então tu, Senhor, aquilo que procurei durante tanto tempo? Era então para Ti que o enlevo do meu coração sempre e sem cessar puxava? Porquê, então, não Te mostraste a mim? Como pudeste adiar este encontro durante tanto tempo? Por quantos caminhos extenuantes não me atolei?
É que é verdadeiramente feliz o homem que prevines com tanto amor; Tu não o deixas em repouso até que ele busque o repouso só em Ti.
Bem-aventurado Henri Suso (c. 1295-1366), dominicano

terça-feira, dezembro 12, 2006

Diálogos com Jesus

"Quando ia a sair de Jericó com os seus discípulos e uma grande multidão, um mendigo cego, Bartimeu, o filho de Timeu, estava sentado à beira do caminho. E ouvindo dizer que se tratava de Jesus de Nazaré, começou a gritar e a dizer: «Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim!» Muitos repreendiam-no para o fazer calar, mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem misericórdia de mim!» Jesus parou e disse: «Chamai-o.» Chamaram o cego, dizendo-lhe: «Coragem, levanta-te que Ele chama-te.» E ele, atirando fora a capa, deu um salto e veio ter com Jesus. Jesus perguntou-lhe: «Que queres que te faça?» «Mestre, que eu veja!» - respondeu o cego. Jesus disse-lhe: «Vai, a tua fé te salvou!» E logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho." (Marcos 10, 46-52)


Tendo como base o diálogo do cego Bartimeu e Jesus, também os participantes do 3º encontro do Fé e Missão, zona Sul, foram convidados a escrever o seu próprio diálogo com o Mestre. Aqui ficam algumas palavras destes jovens, que à imagem de Bartimeu, também eles gritam «Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim!»:

Bem, eu fui ao encontro de Jesus e a primeira coisa que Ele me disse foi: ( Aqui começa o diálogo)
Senhor: «Olha à tua volta»;
Eu: Mas Senhor, olho à minha volta e só vejo miséria e pobreza;
Senhor: «Tens de fazer algo para combater essa pobreza»;
Eu: Mas Senhor, eu ainda sou um rapaz que tenho o coração sujo, que precisa de ser limpo. Porque me escolheste a mim?;
Senhor: «Por muito que o teu coração esteja sujo, "podemos" sempre limpá-lo. Pensa na tua vida»;
Eu: Mas Senhor, que queres que eu faça?;
Senhor: «Vem e segue-me»
Rodrigo (Aveiras)


Boa noite, meu Amor. Sabes, quero agradecer-te por estar aqui hoje. “Diversidade é vida” é o tema deste encontro e eu continuo a perguntar-Te: -“Onde queres a minha vida? Para onde queres que eu vá?”E Tu continuas a perguntar-me: “O que queres que eu faça?»” – como respondeste ao cego… Meu Bom Jesus: Ama-me e ajuda-me a Amar-Te mais, a dar-me mais, a ser mais, a testemunhar-Te mais com a Vida que Tu me dás a cada dia.
Eu sei que tu tens coisas bonitas (caminhos, pessoas…) para mim, e Tu sabes que eu estou disposta a sofrer, a sofrer por Amor… mas ouve o meu grito e mostra-me o caminho… Tu sabes que eu me sinto a renascer (como uma planta que quase murchou, mas veio o jardineiro e cuidou-a com carinho e bondade e ela renasceu…).
Obrigado, meu Amor, pelo compromisso que tenho contigo! “O mendigo soube esperar a sua hora” – Ajuda-me, Jesus, a saber esperar a minha hora e a saber reconhecê-la para que possa dar o meu contributo ao Mundo, para “que nada se perca”!Obrigado por me fazeres tão FELIZ!!! Amo-te!!!
Guida



Que quereis hoje de mim Senhor?
E tu? Que podes fazer para me ajudares?
Eu Senhor? Eu, uma planta tão nova que ainda nem madura está?!!...
Com a minha ajuda crescerás. Sou eu que decido quando e quem é que chamo para me seguir.Se hoje te digo para me seguires é porque sei que és capaz, nunca te pedirei mais do que aquilo que me podes dar, pois meu Pai criou-vos seres livres, capazes de escolher qual o caminho melhor para vós. O meu amor por ti é infinito. Tantos são os dias em que acordas e nem um "Bom dia" és capaz de me dizer.Mas mesmo com todos os defeitos que tens eu continuo a amar-te, pois o meu amor é gratuito e eu amo-te por aquilo que és e não por aquilo que gostava que fosses, por isso: SÊ TU MESMA. Seguir-me e seres tu mesma são duas coisas muito difíceis mas "Se Deus não soubesse tirar algo de bom do sofrimento, jamais permitiria que esse nos atingisse".
Jacinta

Senhor,
Quero agradecer-Te o dom de poder dizer um “sim” renovado. Não com a maturidade de Maria mas com a confiança do filho que volta à casa do Pai.
O cego Timeu não teve medo de ir contra os limites humanos e sociais. E gritou por Jesus!
Quero pedir-Te, meu Deus, a força e a coragem para Te acolher e saber fazer a Tua vontade. Só Te peço uma coisa: discernimento! Que saiba a cada dia aceitar-Te na minha vida.
E a quem perguntar porque vivo que saiba responder: por Ti!!
Filipe

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Viver de Amor

Viver de Amor, é dar sem medida
Sem reclamar salário aqui na terra.
Ah ! Sem contar eu dou-me bem segura
De que, quando se ama, não se conta !
Ao Coração Divino, transbordante de ternura
Dei tudo... ligeiramente eu corro
Nada tenho senão a minha única riqueza
Viver de Amor.

Viver de Amor, é dissipar o medo
Afastar a lembrança das faltas do passado.
Dos meus pecados não encontro vestígios,
Num breve instante o amor queimou tudo.
Chama divina, ó dulcíssima Fornalha!
No teu centro fixo a minha morada
É no teu fogo que eu canto alegremente:
«Vivo de Amor!...»

«Viver de Amor, que estranha loucura !»
Diz-me o mundo, «Ah! cessa de cantar,
Não percas os teus perfumes, a tua vida,
Aprende a empregá-la utilmente!...»
Amar-te, Jesus, que perda fecunda!...
Todos os meus perfumes são teus para sempre,
Quero cantar ao sair deste mundo:
«Morro de Amor!»

Santa Teresa do Menino Jesus

sábado, dezembro 09, 2006

“Preparai o caminho do Senhor”

"No décimo quinto ano do reinado do imperador Tibério, quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Herodes, tetrarca da Galileia, seu irmão Filipe, tetrarca da Itureia e da Traconítide, e Lisânias, tetrarca de Abilena, sob o pontificado de Anás e Caifás, a palavra de Deus foi dirigida a João, filho de Zacarias, no deserto. Começou a percorrer toda a região do Jordão, pregando um baptismo de penitência para remissão dos pecados, como está escrito no livro dos oráculos do profeta Isaías: «Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor e endireitai as suas veredas. Toda a ravina será preenchida, todo o monte e colina serão abatidos; os caminhos tortuosos ficarão direitos e os escabrosos tornar-se-ão planos. E toda a criatura verá a salvação de Deus.»" São Lucas 3,1-6
Está escrito sobre João: “Uma voz grita no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitar as suas veredas”. Mas o que vem a seguir diz respeito exclusivamente ao Senhor, nosso Salvador. Porque não foi João quem “aplanou os vales”, mas o Senhor, nosso Salvador. Considere cada um o que era antes de ter fé; e constatará que era um vale profundo, a pique, mergulhado nos abismos. Mas veio o Senhor Jesus, e enviou o Espírito Santo em seu lugar; foi então que “os vales foram aplanados”. Foram aplanados com as boas obras e os frutos do Espírito Santo. A caridade não deixa subsistir em ti vale algum e, se possuíres a paz, a paciência e a bondade, para além de deixares de ser vale, também começarás a ser montanha de Deus.
“As montanhas e as colinas serão abaixadas”. Nestas montanhas e nestas colinas abaixadas, podemos ver os poderes inimigos que se erguiam contra os homens. Com efeito, para que os vales de que falamos sejam aplanados, os poderes inimigos, as montanhas e as colinas, terão de ser abaixados.
Mas vejamos se a profecia seguinte, que diz respeito ao advento de Cristo, se realizou. Com efeito, o texto diz em seguida: “E todos os caminhos tortuosos serão endireitados”. Todos nós éramos tortuosos – pelo menos se estivermos a falar do que éramos e não daquilo que somos hoje – e a vinda de Cristo que se realizou na nossa alma endireitou tudo quanto era tortuoso.
Rezemos para que o seu advento se realize todos os dias em nós, e para que possamos dizer: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal 2, 20)
Orígenes (cerca 185-253), sacerdote e teólogo

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Imaculada Conceição de Nossa Senhora

Vós todos, que sabeis discernir, vinde e admiremos
A Virgem que é mãe, a filha de David.
Vinde e admiremos a Virgem puríssima,
Maravilha em si mesma, única em toda a criação.

Ela deu à luz sem ter conhecido homem,
Sua alma pura inteiramente deslumbrada.
A todo o momento seu espírito se entregava ao louvor,
Porque se alegrava com a dupla maravilha:
Mantida a virgindade, ter o filho de todos mais amado!

Santo Efrém

Para meditar...


Jesus ao aceitar ser coroado Rei com uma coroa de espinhos, transmitiu-nos a mensagem de que para entrar no seu reino, também nós temos de aceitar os nossos próprios espinhos.
------------------------
Todos nós temos um sonho: ser felizes.
Mas existe algo mais importante do que ser feliz.
É encontrar o Caminho que leva à felicidade: Jesus Cristo

------------------------

Deus já conhece o nosso destino, mas somos nós que o decidimos, ao abrir-mos ou não a porta a Cristo, aliando a nossa vontade à liberdade que Deus nos deu.
Nelson Viana

quarta-feira, dezembro 06, 2006

A que podemos comparar o Reino de Deus?

Jesus dizia: "«O Reino de Deus é como um homem que lançou a semente à terra. Quer esteja a dormir, quer se levante, de noite e de dia, a semente germina e cresce, sem ele saber como. A terra produz por si, primeiro o caule, depois a espiga e, finalmente, o trigo perfeito na espiga. E, quando o fruto amadurece, logo ele lhe mete a foice, porque chegou o tempo da ceifa.» Dizia também: «Com que havemos de comparar o Reino de Deus? Ou com qual parábola o representaremos? É como um grão de mostarda que, ao ser deitado à terra, é a mais pequena de todas as sementes que existem; mas, uma vez semeado, cresce, transforma-se na maior de todas as plantas do horto e estende tanto os ramos, que as aves do céu se podem abrigar à sua sombra.» Com muitas parábolas como estas, pregava-lhes a Palavra, conforme eram capazes de compreender. Não lhes falava senão em parábolas; mas explicava tudo aos discípulos, em particular." São Marcos 4, 26-34
A fim de poderes falar segundo o Espírito de Jesus Cristo, reconhecendo que a doutrina que pregas não é tua mas do Evangelho, imita a simplicidade das palavras e das comparações que Nosso Senhor usava ao falar ao povo. Que maravilhas não podia ele ensinar? Que segredos não teria revelado? Porque ele era a sabedoria eterna de seu Pai! Contudo, vê como ele fala de uma maneira inteligível, como se serve de comparações familiares: de um lavrador, de um vinhateiro, de um campo, de uma vinha, de uma rede, de um grão de mostarda. É assim que é preciso que fales se queres fazer-te compreender por aqueles a quem anunciares a palavra de Deus.
Outra coisa a que deves prestar uma atenção muito particular é manter uma grande dependência em relação à conduta do Filho de Deus... Quando te for necessário agir, reflecte assim: "Será isto conforme à maneira como agia o Filho de Deus?" Se achares que é, diz: "Óptimo, façamos assim!". Se for o contrário, diz: "Não farei nada!" Aliás, quando for questão de agir, diz ao Filho de Deus: "Senhor, se estivesses no meu lugar, como farias nesta ocasião? Como instruirias esta gente? Como virias em socorro deste doente do espírito ou do corpo?"... Procuremos fazer que Jesus Cristo reine em nós.
São Vicente Paulo (1581-1660), presbítero, fundador de comunidades religiosas

Oração ao Pai

Sê assíduo à oração e à meditação. Isso é um enorme consolo para um Pai que te ama como Ele te ama! Continua, pois, a progredir nesse exercício de amor a Deus. Dá todos os dias um passo: de noite, à suave luz da lamparina, entre as fraquezas e na secura de espírito; ou de dia, na alegria e na luminosidade que deslumbra a alma.
Se conseguires, fala ao Senhor na oração, louva-o. Se não conseguires, por não teres ainda progredido o suficiente na vida espiritual, não te preocupes: fecha-te no teu quarto e põe-te na presença de Deus. Ele ver-te-á e apreciará a tua presença e o teu silêncio. Depois, pegar-te-á na mão, falará contigo, dará contigo cem passos pelas veredas do jardim que é a oração, onde encontrarás consolo.
Permanecer na presença de Deus com o simples fito de manifestar a nossa vontade de nos reconhecermos como seus servidores é um excelente exercício espiritual, que nos faz progredir no caminho da perfeição.
Quando estiveres unido a Deus pela oração, examina quem és verdadeiramente; fala com Ele, se conseguires; se te for impossível, detém-te, permanece diante dele. Em nada mais te empenhes como nisso.
Santo [Padre] Pio de Pietrelcina (1887-1968), Capuchinho

terça-feira, dezembro 05, 2006

As exigências de Cristo e a alegria do coração

«Ouvistes o que foi dito: Não cometerás adultério. Eu, porém, digo-vos que todo aquele que olhar para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração. Portanto, se a tua vista direita for para ti origem de pecado, arranca-a e lança-a fora, pois é melhor perder-se um dos teus órgãos do que todo o teu corpo ser lançado à Geena. E se a tua mão direita for para ti origem de pecado, corta-a e lança-a fora, porque é melhor perder-se um só dos teus membros do que todo o teu corpo ser lançado à Geena.» «Também foi dito: Aquele que se divorciar da sua mulher, dê-lhe documento de divórcio. Eu, porém, digo-vos: Aquele que se divorciar da sua mulher excepto em caso de união ilegal expõe-na a adultério, e quem casar com a divorciada comete adultério.» São Mateus 5, 27-32

Queridos jovens, fizestes-me saber que muitas vezes considerais a Igreja como uma instituição que apenas promulga regulamentos e leis... E concluís que há um profundo hiato entre a alegria que emana da palavra de Cristo e o sentimento de opressão que suscita em vós a rigidez da Igreja... Mas o Evangelho apresenta-nos um Cristo muito exigente que convida a uma conversão radical do coração, ao abandono dos bens da terra, ao perdão das ofensas, ao amor para com o inimigo, à paciente aceitação das perseguições e mesmo ao sacrifício da própria vida por amor ao próximo.
No que diz respeito ao domínio particular da sexualidade, conhece-se a firme posição que Jesus tomou em defesa da indissolubilidade do matrimónio e à condenação que pronunciou até a propósito do simples adultério cometido no coração. Poderá alguém não ficar impressionado diante do preceito de "arrancar um olho" ou de "cortar uma mão" se esses órgãos forem ocasião de "escândalo"?...A permissividade moral não torna os homens felizes. Tal como a sociedade de consumo não traz alegria ao coração. O ser humano só se realiza na medida em que sabe aceitar as exigências que provêm da sua dignidade de ser criado "à imagem e semelhança de Deus" (Gn 1,27). Por isso, se hoje a Igreja diz coisas que não agradam, é porque se sente obrigada a fazê-lo. Fá-lo por dever de lealdade...
Mas então não é verdade que a mensagem evangélica é uma mensagem de alegria? Pelo contrário, é absolutamente verdade! E como é isso possível? A resposta encontra-se numa palavra, numa só palavra, numa palavra curta mas com um conteúdo vasto como o mar. Essa palavra é: amor.
O rigor do preceito e a alegria do coração podem perfeitamente conciliar-se. Quem ama não receia o sacrifício. Antes procura no sacrifício a prova mais convincente da autenticidade do seu amor.
João Paulo II

domingo, dezembro 03, 2006

Uma carta ao irmão que não nasceu

Meu querido irmão:
Hoje, enquanto olhava alegremente nos olhos do meu filhinho, perguntei-me como é possível que alguém possa fazer mal a uma criatura inocente como esta que não se pode defender, e chorei por todos aqueles bebés que foram abortados, e não tiveram a sorte que o meu filho teve, de poder nascer e ser embalado nos braços de uma mãe que o esperou com amor.
Embora não tivesse a mesma sorte em te conhecer nesta terra, eu amo-te muito, meu irmão, pois através dos olhos da alma eu te vislumbrei. Sei que, se tivesses podido nascer, terias o cabelo preto do nosso pai e os olhos vivos e alegres da nossa mãe; talvez até te parecerias um pouco comigo. Nesta carta a qual, com o favor de Deus, espero que os anjos te façam chegar, quero-te pedir que perdoes a nossa mãe por não te ter permitido nascer. Pobrezinha, não soube o que tinha feito até muitos anos depois.
Um triste dia, ambas contemplamos horrorizadas a realidade do aborto homicida, reflectida em algumas fotos, verdadeiras provas de que o aborto é um crime. Que dor tão grande sentimos, querido irmão, ao ver aquelas fotos pela primeira vez e comprovar como deve ter ficado o teu corpinho depois do aborto que te privou da vida; e que, embora passados já vários anos, a nossa querida mãe não consegue esquecer! Irmãozinho, ela ainda sonha contigo, sobre como serias, e eu às vezes, quando reunimos todos os irmãos na mesa familiar com os nossos pais, sinto no meu coração a tua ausência que faz com que o grupo esteja incompleto e pergunto-me como seria ter-te aqui connosco.
Lá no céu, onde sei que, graças à misericórdia de Deus, tu estás, rogo a Ele para que te envie os meus pensamentos, e peço-te perdão em nome da nossa mãe, a quem a imensa dor do arrependimento e o peso que leva em sua consciência pela tua morte, não a deixam expressar em palavras o que de veras sente. Roga a Deus por ela, pois embora saiba que Ele a perdoou, porque não sabia o que fazia, ainda lembra e pensa no muito que te teria amado, se tivesses nascido. Pede a Ele por outras mulheres, para que não caiam no mesmo erro que a nossa mãe, por falta de conhecimento. Da minha parte, prometo que, ainda que não te pude salvar do aborto, outras crianças serão salvas pelo meu esforço, pois trabalharei para levar às suas mães, a mensagem que a nossa não recebeu.
Com Amor e lembrança, da tua irmã que espera, com a ajuda de Deus, encontrar-se contigo um dia na eternidade...
Anónimo, "Carta ao irmão que não conheço," em Escolha a Vida (Janeiro/Fevereiro de 1991), suplemento "Caminos de Esperanza". Baseada numa experiência de vida real.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

As duas vindas do Senhor

Primeiro Domingo do Advento

«Haverá sinais no Sol, na Lua e nas estrelas; e, na Terra, angústia entre os povos, aterrados com o bramido e a agitação do mar; os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vai acontecer ao universo, pois as forças celestes serão abaladas. Então, hão-de ver o Filho do Homem vir numa nuvem com grande poder e glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, cobrai ânimo e levantai a cabeça, porque a vossa redenção está próxima.»
«Tende cuidado convosco: que os vossos corações não se tornem pesados com a devassidão, a embriaguez e as preocupações da vida, e que esse dia não caia sobre vós subitamente, como um laço; pois atingirá todos os que habitam a terra inteira. Velai, pois, orando continuamente, a fim de terdes força para escapar a tudo o que vai acontecer e aparecerdes firmes diante do Filho do Homem.» São Lucas 21, 25-28; 34-36
“Alegrai-vos no Senhor, repito: alegrai-vos”. Alegria dupla, motivada por um duplo benefício: a primeira e a segunda vinda. Devemo-nos alegrar porque o Senhor, na sua primeira vinda, nos trouxe riquezas e glória. Devemo-nos alegrar ainda porque, na sua segunda vinda, nos dará “dias sem conta, pelos séculos fora” (Salmos 20, 5). Como diz os Provérbios: “na mão direita sustenta uma longa vida, na esquerda, riquezas e glória” (Provérvios 3, 16). A esquerda, é a primeira vinda, com as suas riquezas gloriosas: a humildade e a pobreza, a paciência e a obediência. A direita, é a sua segunda vinda, com a vida eterna.
Da primeira vinda, Isaías fala nestes termos: “Desperta, desperta; reveste-te de fortaleza, braço do senhor; desperta como nas dias antigos, como nos tempos de outrora. Não foste tu que esmagaste Raab, que trespassaste o Dragão? Não foste tu que secaste o Mar, estancaste as águas do grande Oceano, abriste um caminho pelo fundo do mar, para que por aí passassem os resgatados?” (Isaías 51, 9-10). O braço do Senhor, é Jesus Cristo, Filho de Deus, por quem e em quem Deus fez todas as coisas... Ó braço do Senhor, ó Filho de Deus, desperta; vem até nós da glória do teu pai, tomando a nossa condição carnal. Reveste-te da força divina, para lutar contra “o príncipe deste mundo” (João 12, 31) e para “expulsar o forte”, tu que és “ mais forte do que ele”. Desperta, para resgatar o género humano, como libertaste, nos tempos antigos, o povo de Israel da escravatura do Egipto... Secaste o mar vermelho; o que fizeste, tu o farás ainda..., como abriste no fundo do inferno a estrada por onde passam os redimidos.
Da segunda vinda, o Senhor fala nestes termos em Isaías: “Olhai, vou criar uma Jerusalém destinada à alegria, e o seu povo ao júbilo. E Jerusalém será a minha alegria, e o meu povo o meu júbilo; e doravante, não se ouvirão mais aí choros nem lamentos” (Isaias 65, 18-19). Porque, como ele disse algures: “O Senhor enxugará as lágrimas de todos os rostos”.
Santo António ( cerca 1195-1231 ), franciscano, doutor da Igreja

Aceitar e Perdoar

Jesus aceitou todos como eles eram e ensinou-nos, não só a aceitar os outros, mas também a perdoar:

--Aceitou Pedro, mesmo este tendo-O negado três vezes;
--Perdoou a mulher, mesmo tendo esta cometido adultério;
--Aceitou Natanael, mesmo tendo este dito " Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?";
--Perdoou o ladrão, mesmo quando este já estava a ser crucificado;
--Aceitou Tomé, mesmo tendo este dito " Só acredito se ver as suas cicatrizes";
--Pediu perdão ao Pai por aqueles que o mataram.

Ainda hoje, Jesus continua a aceitar-nos como somos e a perdoar-nos. Também nós somos convidados por Ele a fazer o mesmo, em relação a todas as pessoas que nos rodeiam. Aprendamos a viver a Sua mensagem, metendo-a em práctica.
À luz do Evangelho, "Amemo-nos uns aos outros, como Ele nos amou".
Nelson Viana

quinta-feira, novembro 30, 2006

Oração vocacional

Senhor Jesus,
Torna-me atento e vigilante
No discernimento da vontade do Pai,
Para que eu possa em tudo realizar a vocação
Com que Ele, desde sempre, me quis e amou.
Na hora da dúvida e da provação
Dá-me a certeza de não estar só
Mas de saber e querer-Te próximo,
Para viver contigo a minha oferta,
Seguindo-Te humilde e confiadamente
No serviço da Tua Igreja e do mundo.
António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

quarta-feira, novembro 29, 2006

Transformação


Jesus é alguém que cresce dentro de mim. Quanto mais eu o alimento, mais Ele se desenvolve.
A coisa que Ele mais gosta, é que eu o alimente com a minha humildade. Com ela, Ele faz crescer em mim a generosidade, a bondade, a paciência, a mansidão, o Amor.
Assim, já não é Jesus que cresce em mim, mas sou eu que cresço em Jesus. Cresço em sabedoria e em amor ao próximo.
Então, atingo a liberdade que é ser filho de Deus, a liberdade que me faz viver como Deus quer.
À imagem de São Paulo, posso dizer: " Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim".
Nelson Viana

segunda-feira, novembro 27, 2006

Encontro Fé e Missão, zona Sul

Recordamos alguns momentos deste encontro, que teve como tema "Diversidade é Vida":
--Visionamento do filme " Bruce Todo-Poderoso ", o qual transmite a mensagem do milagre que somos chamados a ser;
--A presença e o testemunho do Irmão Pablo e da Guida que nos convidaram a ter Jesus no centro da nossa vida;
-- As “lágrimas” que expressaram a confiança e o valor da partilha do caminho que estamos a percorrer juntos;
--Os trabalhos manuais em vista do projecto “Sudão-Darfur”. Conseguiram-se fazer alguns centros de mesa, alguns “presépios em África” e algumas "dezenas". No fim da Eucaristia tivemos a oportunidade de ver “alguns frutos do trabalhito” e sobretudo a alegria de quem partilha;
-- A partilha por mail da Vanessa Sofia, que não podendo estar presente fisicamente, esteve pela sua oração;
--O desafio: sermos nós mesmos, pois "Diversidade é Vida".
Aqui ficam também algumas fotos deste grupo de jovens, que cresce cada vez mais no amor a Deus e ao próximo.






Em meu nome e de todo o grupo de jovens, um muito obrigado aos Missionários Combonianos, em particular ao Padre João e ao Irmão Neto. Têm de facto sido a imagem de Cristo que todos nós procuramos nestes encontros.
Também uma palavra de agradecimento a toda comunidade em Lisboa e em Santarém, pelo acolhimento.

Ser humilde como Jesus

"Quem se humilha será exaltado e quem se exalta será humilhado" (Mt 23,12)
Imitemos o Senhor que desceu do céu até à última humilhação e que, em recompensa, foi exaltado, desde o ínfimo lugar até à altura que lhe convinha. Descobramos tudo o que o Senhor nos ensina para nos conduzir à humildade.
Ainda menino, ei-lo já numa gruta, deitado não num berço mas numa mangedoura. Na casa de um operário e de uma mãe sem recursos, submeteu-se à mãe e ao seu esposo. Deixando-se ensinar, escutando aqueles de quem não tinha precisão, ele interrogava; contudo, de tal forma que, pelas suas interrogações, as pessoas espantavam-se com a sua sabedoria. Submete-se a João e o Mestre recebe o baptismo das mãos do servo. Nunca resistiu aos que se erguiam contra ele e não exibiu o seu poder invencível para se libertar das mãos que o prendiam, mas deixou-se levar, como um impotente, e na medida em que achou bem entregou-se nas mãos de um poder efémero. Compareceu diante do sumo-sacerdote na qualidade de acusado; conduzido diante do governador, submeteu-se ao seu julgamento e, quando podia responder aos caluniadores, suportou em silêncio as suas calúnias. Coberto de escarros por escravos e vis criados, foi enfim entregue à morte, a uma morte infamante aos olhos dos homens.
Eis como se desenrolou a sua vida de homem, desde o nascimento até ao fim. Mas, depois de uma tal humilhação, fez brilhar a sua glória...
Imitemo-lo para chegarmos, também nós, à glória eterna.
São Basílio (cerca de 330 - 379), monge e bispo de Cesareia na Capadócia

quinta-feira, novembro 23, 2006

"O meu Reino não é deste mundo"

Solenidade de Jesus Cristo, Rei e Senhor do Universo
" Pilatos entrou de novo no edifício da sede, chamou Jesus e perguntou-lhe: «Tu és rei dos judeus?» Respondeu-lhe Jesus: «Tu perguntas isso por ti mesmo, ou porque outros to disseram de mim?» Pilatos replicou: «Serei eu, porventura, judeu? A tua gente e os sumos sacerdotes é que te entregaram a mim! Que fizeste?» Jesus respondeu: «A minha realeza não é deste mundo; se a minha realeza fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que Eu não fosse entregue às autoridades judaicas; portanto, o meu reino não é de cá.» Disse-lhe Pilatos: «Logo, Tu és rei!» Respondeu-lhe Jesus: «É como dizes: Eu sou rei! Para isto nasci, para isto vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade. Todo aquele que vive da Verdade escuta a minha voz.»" ( João 18,33-37 )

“Escutai todos, judeus e pagãos...; escutai, todos os reinos da terra! Eu não impeço o vosso domínio sobre este mundo, porque “o meu reino não é deste mundo.” ( Jo 18, 35 )
Não temais, então, como aconteceu com Herodes quando soube do nascimento de Jesus…
Não, diz o Senhor “ o meu reino não é deste mundo”. Vinde todos a um reino que não é deste mundo; vinde a ele pela fé, e não quereis tornar-vos cruéis por causa do medo.
É verdade que numa profecia, Jesus, referindo-se a Deus Pai, disse: “Fui eu que consagrei o meu rei em Sião, minha montanha sagrada”. (Salmos 2, 6) Mas este Sião e esta montanha não são deste mundo.

Qual é, então, o seu reino? O seu reino são todos aqueles que acreditam n’Ele e sobre os quais Ele disse: “ Eles não pertencem ao mundo, como eu não pertenço ao mundo.” (João 17, 16) Mas Jesus queria que eles ficassem ainda no mundo, e por isso pediu ao Pai: “Não Te peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno.” ( João 17, 15) Aqui está porque Ele não disse “ O meu reino não é neste mundo “, mas sim: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue às autoridades judaicas.” (João 18, 36)

De facto, o seu reino está na terra até ao fim do mundo, mas misturado com o joio até ao momento da colheita. ( Mateus 13, 24-30 ) É precisamente aos que pertencem ao seu reino que Ele diz: “…vós não sois do mundo, pois Eu escolhi-vos e tirei-vos do mundo.” ( João 15, 19) Eram, pois, deste mundo, quando ainda não faziam parte do seu reino, e pertenciam ao príncipe deste mundo. É, então, do mundo, todo aquele que foi gerado da estirpe corrupta de Adão; mas todos aqueles que são gerados em Jesus Cristo, pertencem ao reino de Deus e não mais a este mundo.
É deste modo que: “ Deus Pai arrancou-nos do poder das trevas e transferiu-nos para o Reino do seu Filho amado.” ( Colossenses 1, 13 )

Santo Agostinho

Fé e Missão

Este fim de semana realizar-se-á mais um encontro do grupo Fé e Missão, zona sul, na casa do Missionários Combonianos em Santarém.
Para quem ainda não tem conhecimento deste grupo, aqui fica uma breve apresentação: (retirado do blog: www.fe-e-missao.blogspot.com)

--Grupo de jovens que quer ir mais além do que a sociedade mostra;
--Grupo que caminha, que cresce. Não um crescimento físico, mas num compromisso missionário, vocacional, procurando ser discípulos de Jesus com espírito comboniano;
--É um encontro com pessoas-jovens, movidos pelo mesmo ideal, pela mesma fé, que move montanhas à medida que se enraíza;
--É animação, é alegria, é partilha, é convívio, é oração, é contemplação, é espírito de entrega e disponibilidade.

Aqui ficam também algumas fotos dos encontros anteriores:

O desejo de Deus

O desejo de Deus é um sentimento inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus.
Deus não cessa de atrair o homem para si e só em Deus é que o homem encontra a verdade e a felicidade que procura sem descanso.
De muitos modos, na sua história e até hoje, os homens exprimiram a sua busca de Deus em crenças e comportamentos religiosos (orações, sacrifícios, cultos, meditações, etc). Apesar das ambiguidades que podem comportar, estas formas de expressão são tão universais que o homem pode ser chamado de um ser religioso.
Deus "criou de um só homem todo o género humano, para habitar sobre a superfície da terra, e fixou períodos determinados e os limites da sua habitação, para que os homens procurassem a Deus e se esforçassem realmente por O atingir e encontrar, mesmo que às apalpadelas. Na verdade, Ele não está longe de cada um de nós, pois é n'Ele que vivemos, nos movemos e existimos." ( Actos 17, 26-28 )
Mas esta "relação íntima e vital que une o homem a Deus" pode ser esquecida, desconhecida e até rejeitada explicitamente pelo homem. Tais atitudes podem ter origens muito diversas: a revolta contra o mal no mundo, a ignorância ou a indiferença religiosas, as preocupações com as coisas do mundo e com as riquezas, o mau exemplo dos crentes, as correntes de pensamento hostis à religião, e finalmente essa atitude do homem pecador que, por medo, se esconde de Deus e foge quando Ele o chama.
"Alegre-se o coração dos que buscam o Senhor!" (Salmos 105, 3) Apesar do homem poder esquecer ou rejeitar Deus, Deus nunca deixa de chamar todo o homem a que O procure, para que encontre a vida e felicidade. Mas esta busca exige do homem todo o esforço da sua inteligência, a rectidão da sua vontade, "um coração recto", e também o testemunho de outros que o ensinam a procurar Deus.
Catecismo da Igreja Católica ( Primeiro Capítulo )

" És grande Senhor, e altamente louvável: grande é o teu poder e a tua sabedoria é sem medida. E o homem, pequena parcela da tua criação, pretende louvar-Te; precisamente ele que, revestido da sua condição mortal, traz em si o testemunho do seu pecado, o testemunho de que Tu resistes aos soberbos. Apesar de tudo, o homem, pequena parcela da tua criação, quer louvar-te. Tu próprio a isso o incitas, fazendo com que ele encontre as suas delícias no teu louvor, porque nos fizestes para Ti, e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em Ti. "

Santo Agostinho

quarta-feira, novembro 22, 2006

Espírito Santo...

"Quem recebe os meus mandamentos e os observa esse é que me tem amor; e quem me tiver amor será amado por meu Pai, e Eu o amarei e hei-de manifestar-me a ele. Perguntou-lhe Judas, não o Iscariotes: «Porque te hás-de manifestar a nós e não te manifestarás ao mundo?» Respondeu-lhe Jesus: «Se alguém me tem amor, há-de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada. Quem não me tem amor não guarda as minhas palavras; e a palavra que ouvis não é minha, mas é do Pai, que me enviou.»
Fui-vos revelando estas coisas enquanto tenho permanecido convosco; mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo, e há-de recordar-vos tudo o que Eu vos disse." (João 14,21-26)

Ao invés das palavras "Pai" e "Filho", o nome do "Espírito Santo", a terceira pessoa divina, não é a expressão de uma especificidade; pelo contrário, ele designa o que é comum a Deus. Ora, é precisamente aí que aparece o que é "próprio" da terceira pessoa: é "o que existe em comum", a unidade do Pai e do Filho, a Unidade em pessoa. O Pai e o Filho são um na medida em que vão para além de si mesmos; são um nesta terceira pessoa, na fecundidade do dom. Estas afirmações nunca poderão ser mais do que meras aproximações; só pelos seus efeitos podemos reconhecer o Espírito. Por consequência, a Escritura nunca descreve o Espírito Santo em si; fala apenas da forma como ele vem até ao homem e como se diferencia dos outros espíritos... Judas Tadeu pergunta: "Senhor, como é possível que te queiras manifestar a nós e não ao mundo?" A resposta de Jesus parece ignorar a pergunta: "Se alguém me amar, guardará a minha palavra e nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada". Na realidade, essa é a resposta exacta à pergunta do discípulo e à nossa própria pergunta sobre o Espírito. Não se pode expor o Espírito de Deus como se fosse uma mercadoria. Só o pode ver aquele que o tem em si. Ver e vir, ver e ficar, estão juntos e são indissociáveis. O Espírito Santo permanece na palavra de Jesus e essa palavra não se obtém com discursos, mas com a constância, com a vida.

Papa Bento XVI ( O Deus de Jesus Cristo)

terça-feira, novembro 21, 2006

Maria e os Sacramentos


É fácil entender, teológica e antropologicamente, a relação que se estabelece entre Maria, a Mãe de Jesus, Mãe da Igreja, e os sacramentos.
O Filho de Deus, para vir ao mundo, entrar na aventura humana, tornar-se "um dos nossos", assumir os nossos pecados, oferecer-se em holocausto e morrer no altar da cruz, Ele precisava de revestir-se da nossa carne. Ele deveria tornar-se o grande, o único sacramento pela visibilidade da natureza humana, terrena. Pois, não existe a sacramentalidade sem a visibilidade, sem o contacto, sem que Cristo viva e conviva connosco e com as nossas coisas. E para Deus se fazer Homem, só haveria duas possibilidades: ou o Verbo de Deus já apareceria adulto, revestido da nossa carne, ou Ele deveria ter uma Mãe, em cujo útero tomaria a carne humana, o corpo humano, como a nossa vida embrionária e fetal se desenvolveu no seio da nossa mãe. Deus escolheu, na alternativa, este último modo. Então, por obra do Espírito Santo, Maria concebeu o Filho de Deus.
Portanto, é através de Maria que Deus se tornou visível para poder realizar a obra da libertação, da redenção. De Maria Ele concebeu o mesmo corpo que foi pregado na cruz, e que, transformado pela ressurreição, continua na Eucaristia. Maria, Mãe de Jesus, o único sacramento, Maria, Mãe da Igreja, sacramento universal de salvação.
Distinguimos três dimensões, entre outras, nos sacramentos:
--A Imanência: a realidade, o valor conatural da coisa: palavra-som, pão, óleo, água, vinho, imposição das mãos, corpos-corações.
--A Transparência: a significação que dá a transparência, a passagem, o entendimento para outro valor: Alimentar-purificar-dar vida, mãos-corpos unidos no compromisso, etc.
--A Transcendência: o significado, a Graça, o valor transcendente, do qual os sacramentos são sinais.
Maria possibilitou a Jesus todas as realidades da Imanência. Toda a vida de Maria dá a Transparência: a sua missão, a sua vida foi um espelho que transferia, apontava para a Transcendência: o Transcendente presente em todos os momentos da sua vida, a única razão de ser da sua vida de Mãe de Deus, Mãe do Redentor, Mãe do Ressuscitado.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Amor eterno...

O Místico Casamento de Santa Catarina de Siena (1340) Museu de Belas Artes, Boston (EUA)

Amor eterno..., peço-to em graça, tem misericórdia do teu povo, em nome da caridade eterna que te levou a criar o homem à tua imagem e semelhança (Gn1,26)... Só o fizeste, ó Trindade eterna, porque querias levar o homem a participar de todo Tu. Foi por isso que lhe deste a memória, para que se lembre das tuas mercês, e para que participe também no teu poder, ó Pai eterno. Foi por isso que lhe deste a inteligência, para que ele possa compreender a tua bondade e participe também da sabedoria do teu Filho único. Foi por isso que lhe deste a vontade, para que possa amar o que vê e o que conhece da tua verdade, e assim participe no amor do teu Espírito Santo. Quem te levou a dar uma tão grande dignidade ao homem? O amor inesgotável com que olhas em ti mesmo a tua criatura.Mas, por causa do pecado, ela perdeu a sua dignidade... Então Tu, levado por esse mesmo fogo com que nos criaste..., deste-nos o Verbo, o teu Filho único... Ele cumpriu a tua vontade, Pai eterno, quando o revestiste da nossa humanidade, à imagem e semelhança da nossa natureza. Ó abismo de caridade! Qual é o coração que pode defender-se de não ceder ao Teu amor, vendo o Altíssimo juntar-se à baixeza da nossa humanidade? Nós somos a Tua imagem, e tu és a nossa, por essa união que consumaste no homem ocultando a tua divindade no barro de Adão (Gn 2,7)... O que te levou a fazê-lo? O amor! Tu, Deus, fizeste-te homem, e o homem tornou-se Deus. Por esse amor indizível, rogo-te, tem misericórdia das tuas criaturas.
Santa Catarina de Siena

Três valores a cultivar para caminhar:

Vontade; Dedicação; Perseverança
( (Na caminhada de Deus para a nossa salvação, e na caminhada que nós fazemos para que mereçamos ser salvos.)

O Pai, ao ter vontade em nos salvar, mostrou-nos pelo Filho toda a sua dedicação, e através do Espírito Santo ensinou-nos o caminho da perseverança que se cumpre em ser obediente até à morte.
Em relação a nós, seres humanos, temos de ter consciência de que a vontade própria de cada um, é o principal para ultrapassar as barreiras que nos separam do encontro com Deus (Dom da Fé). Para que esse encontro possa dar frutos, é necessário que a Fé recebida seja aprofundada com dedicação e gestos de caridade. Por último, para se chegar ao final da caminhada (Salvação), e fazendo com que a vontade e a dedicação não tenham sido em vão, é necessário perseverar até ao último momento em obediência ao Pai, como fez o Filho, guiados pelo Espírito.
Em conclusão, podemos dizer que:

Tudo se inicia a partir do momento que temos vontade de o fazer, e neste caso, para se perseverar até ao fim da caminhada, temos de alimentar a nossa vontade com dedicação, sabendo que não devemos desistir ao primeiro sinal de dificuldade, pois a graça de Deus ajuda-nos a superar aquilo que só por nós não conseguimos ultrapassar.
A confiança na Divina Providência deve ser outro dos valores a cultivar…

Nelson Viana

domingo, novembro 19, 2006

Oração...

Que grande é o poder da oração! Ela é como uma rainha que tem, em todo o momento, livre acesso à presença do rei, podendo obter tudo quanto pede. Para sermos escutados, não precisamos de procurar num livro uma bela fórmula, composta para a circunstância; se assim fosse, mal de mim! À excepção do ofício divino – que não sou digna de recitar –, não tenho coragem para me dedicar à procura de belas orações nos livros, fico cheia de dores de cabeça, tantas são elas! E depois, cada uma mais bela que as outras. Não seria capaz de as recitar a todas e, não sendo capaz de escolher entre elas, faço como as crianças que não sabem ler: digo muito simplesmente a Deus o que quero dizer-Lhe, sem frases bonitas, e Ele compreende-me sempre. Para mim, a oração é um impulso do coração, um simples olhar lançado ao céu, um grito de reconhecimento e de amor, nas dores como nas alegrias; é, enfim, algo grande e sobrenatural, que me dilata a alma e me une a Jesus.
Santa Teresa do Menino Jesus

Segunda vinda de Cristo

XXXIII Domingo do Tempo Comum

«Mas nesses dias, depois daquela aflição, o Sol vai escurecer-se e a Lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do céu e as forças que estão no céu serão abaladas. Então, verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens com grande poder e glória. Ele enviará os seus anjos e reunirá os seus eleitos dos quatro ventos, da extremidade da terra à extremidade do céu.» «Aprendei, pois, a parábola da figueira. Quando já os seus ramos estão tenros e brotam as folhas, sabeis que o Verão está próximo. Assim, também, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que Ele está próximo, às portas. Em verdade vos digo: Não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão. Quanto a esse dia ou a essa hora, ninguém os conhece: nem os anjos do Céu, nem o Filho; só o Pai.» ( S. Marcos 13,24-32 )

Para impedir qualquer pergunta indiscreta acerca do momento da sua segunda vinda, Jesus declara: "Essa hora, ninguém a conhece, nem sequer o Filho" (Mt 24,36) e, noutro sítio: "Não vos cabe conhecer os dias e os tempos" (Act 1,7). Ocultou-nos isso para que vigiemos, para que cada um de nós possa pensar que essa manifestação se produzirá durante a nossa própria vida. Se o tempo da sua segunda vinda tivesse sido revelado, essa manifestação seria em vão: as nações e os tempos em que ela se produzisse não a teriam desejado. Ele disse que vem, mas não precisou qual o momento; desse modo, todas as gerações e todos os séculos têm sede d'Ele.É certo que Ele deu a conhecer os sinais da sua manifestação; mas não disse quando aconteceria. Na mudança constante em que vivemos, esses sinais já tiveram lugar e passaram e alguns ainda duram. Com efeito, a sua última manifestação é semelhante à primeira: os justos e os profetas desejavam-na; pensavam que se realizaria no seu tempo de vida. Também hoje, cada um dos fiéis de Cristo deseja acolhê-lo durante a sua própria vida, tanto mais que Jesus não disse claramente o dia em que iria aparecer. Desse modo, ninguém poderá imaginar que Cristo se submeta a uma lei do tempo ou a uma hora precisa, Ele que domina os números e o tempo.

Santo Efrém ( 306 - 373), diácono na Síria, doutor da Igreja

Free Photo Albums from Bravenet.comFree Photo Albums from Bravenet.com