terça-feira, dezembro 19, 2006

Não julgar

«Não julgueis, para não serdes julgados; pois, conforme o juízo com que julgardes, assim sereis julgados; e, com a medida com que medirdes, assim sereis medidos. Porque reparas no argueiro que está na vista do teu irmão, e não vês a trave que está na tua vista? Como ousas dizer ao teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro da tua vista, tendo tu uma trave na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e, então, verás melhor para tirar o argueiro da vista do teu irmão.» (São Mateus 7, 1-5)
Certas pessoas convertem em maus humores todos os alimentos que absorvem, mesmo que sejam alimentos de boa qualidade. A responsabilidade não é dos alimentos, mas do temperamento dessas pessoas, que altera os alimentos. Da mesma maneira, se a nossa alma tiver uma disposição má, tudo lhe fará mal; até as coisas vantajosas serão por ela transformadas em coisas prejudiciais. Não é verdade que, se deitarmos umas ervas amargas num pote de mel, as ervas alteram todo o conteúdo do pote, tornando amargo o mel? É isso que nós fazemos: espalhamos um pouco do nosso azedume e destruímos o bem do próximo, olhando para ele a partir da nossa má disposição.
Outras pessoas têm um temperamento que transforma tudo em bons humores, incluindo os alimentos nocivos. Os porcos têm uma excelente constituição. Comem cascas, caroços de tâmaras e lixo. Contudo, transformam estes alimentos em viandas suculentas. Também nós, se tivermos bons hábitos e um bom estado de alma, tudo poderemos aproveitar, incluindo aquilo que não é aproveitável. Muito bem diz o Livro dos Provérbios: Quem olha com doçura obterá misericórdia (12, 13). Mas também: Todas as coisas são contrárias ao homem insensato (14, 7).
Ouvi dizer de um irmão que, quando ia visitar outro irmão e encontrava a cela descuidada e desordenada, pensava: Que feliz que é este irmão, que está completamente desprendido das coisas terrenas, elevando totalmente o seu espírito para o alto, de tal maneira que nem tem tempo para arrumar a cela! Quando ia visitar outro irmão e encontrava a cela arrumada e em boa ordem, pensava: A cela deste irmão está tão arrumada como a sua alma. Tal como a sua alma, assim é a sua cela. E nunca dizia de nenhum deles: Este é desordenado. Ou: Este é frívolo. Graças ao seu excelente estado de alma, de tudo tirava proveito.
Que Deus, na sua bondade, nos dê, também a nós, um estado bom para que possamos tudo aproveitar, sem nunca pensarmos mal do próximo. Se a nossa malícia nos inspirar juízos e suspeitas, transformemo-los rapidamente no pensamento. Pois não ver o mal do próximo engendra, com a ajuda de Deus, a bondade.
Doroteu de Gaza (cerca 500-?), monge da Palestina
Carta 1

4 comentários:

Unknown disse...

Este texto é fantastico,pois revela o que esta por traz da fala´´tal é antipática´´por isso não falo com ela.
Somos muito superficiais nos nossos relacionamentos cotidianos.
Vale a pena nos policiar e amar de verdade o proximo

Anónimo disse...

NÃO JULGUEIS...
CRITICAR PODE?
“NÃO JULGUEIS PARA QUE NÃO SEJAIS JULGADOS. POIS, COM O CRITÉRIO COM QUE JULGARDES, SEREIS JULGADOS E COM A MEDIDA COM QUE TIVERDES MEDIDO, VOS MEDIRÃO TAMBÉM”
Mateus 7: 1 e 2
O texto usado precisa ser olhado dentro de contextos que começam afirmando: "Somente deveis portar-vos DIGNAMENTE conforme o EVANGELHO de Cristo..." - Filipenses 1 :27. Não podemos utilizar a humildade para “escondermos” coisas que contrariam princípios estabelecidos nas Escrituras. A exortação de Paulo é clara quando recomenda um comportamento digno fundamentado nos Evangelhos, o que tem sido um peso para muitos hoje, afinal aceitar como práticas que violam o culto e a relação de intimidade do homem com Deus tornou-se uma prática comum hoje e quando alguém “CRITICA” logo vem a idéia de que este está querendo ser melhor que os demais. A coisa não é bem assim, precisamos tem coragem para apontarmos os erros sim, afinal o Evangelho a cada dia está sendo “ridicularizado”, sendo usado para “fins comerciais” enquanto milhões estão sendo enganados por uma religiosidade vazia e sem compromisso com Deus.
O Evangelho precisa ser respeitado, precisa voltar as origens e resgatar a sua “CREDIBILIDADE”, do contrário... A Bíblia diz: "Tudo que é honesto, tudo que é verdadeiro, tudo que é justo, tudo que é puro, tudo que é amável, tudo que é de boa fama...” - Filipenses 4:8. Tudo isto está sendo deixado de lado dando lugar a uma religiosidade formalista voltada para o “materialismo provinciano” e a satisfação das necessidades do corpo e não da alma.
A questão é que quando a “RAZÃO” é evidente não há como contestá-la ou abandoná-la, até porque seria omissão e ela por si só é pecado. Os fracos “escondem-se” ou “recusam-se” a manifestar as suas posições, muitos por comodidade outros por falta de firmeza nos argumentos. Não acreditar que somos o melhor, é ver que o melhor está sendo distorcido - no caso da religião - para atender a interesses que não contribuem para o fortalecimento do Reino de Deus.
“CRITICAR”, quando envolve questões de fé, em hipótese alguma significa se “IMPOR” como maioral, sabichão ou como superior, antes, demonstra coragem já que o que está em jogo envolve a coisa mais preciosa para Deus, a alma do cidadão.
Parece, pelos rumos que o cristianismo tomou, que ninguém pode mais fazer qualquer “CRÍTICA” a comportamentos distorcidos, a práticas não recomendadas ou a regras institucionais religiosas, pois estaria querendo se sobrepõem sobre os demais mesmo que tais situações estejam comprometendo a verdade imutável registrada na Bíblia Sagrada. E como os líderes “evangélicos” têm medo de serem criticados, alguns inclusive ameaçam recorrer à justiça para se verem livres de comentários que não lhes agradem. Esclareço que “EVANGÉLICOS” no caso, engloba no meu conceito, todos os que vivem da exploração materialista e comercial da fé hoje.
O texto trata da humildade, mas “não proíbe” ou faz qualquer alusão a não fazermos “CRÍTICAS” contra atos que fujam do estabelecido nos ensinos apostólicos. Se não há um comportamento digno, se não há respeito ao Evangelho, se não há fidelidade no que é pregado é obvio que alguém precise levantar a voz e questionar os interesses e os objetivos de quem assim comporta. O contexto nos recomenda que: “Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros e sem “ESCÂNDALO” algum...- Filipenses 1:10. Se há comportamento que evidencia “ESCÂNDALO” ou algo semelhante obviamente que alguém irá condenar o que não significa superioridade, mas RESPONSABILIDADE.
Diante de toda esta celeuma envolvendo o meio “evangélico” fica evidente que a “crítica” é necessária para coibir a ação de aventureiros, exploradores e de mercenários que hoje vivem unicamente na busca frenética de aumentarem seus impérios religiosos, de mostrarem quem é o maior e que tem mais “PODER(?)” para resolverem os “PROBLEMAS DOS OUTROS”, já que os seus eles não têm capacidade para tal... A briga religiosa e a disputa com a concorrência é até imoral.

Carlos Roberto Martins de Souza
crms2casa@otmail.com

Luciana Luz disse...

Seu texto me colocou para refletir, especialmente a parte do senhor que só via as coisas boas nas pessoas. Eu sou da opinião de sempre olhar mais as coisas boas das pessoas, mas penso que ignorar o mal é imprudência. Veja bem... Vamos imaginar que encontramos no caminho uma cobra cascavel, que se enrosca e sacode o chocalho quando vai dar o bote, e a encontramos nessa posição. Se eu fizer como o tal senhor que só vê coisas boas, eu olharia e diria: "Nossa, tadinha da cobra, está encolhidinha com frio, e mexe o chocalho porque deve estar pedindo socorro". Então ficamos lá, e ela nos dá o bote e morremos com seu veneno. POr isso penso que devemos ver a verdade, sem jamais julgar aquela verdade. Se vemos a cobra daquele jeito, pensamos a realidade, que ela está alí pronta para nos dar o bote, então, por prudência, nos afastamos, mas jamais julgaremos a cobra mal por ela ter desejado no dar o bote. Ela é digna do nosso amor, do nosso respeito e compreensão, mas não tem o direito de nos lesar só porque é cobra. E nós não temos o dever de fingirmos que ela é boa, correndo o risco de sermos lesados desnecessariamente. Seria o mesmo que nos colocarmos no meio de um tiroteio por livre-vontade. Imprudência. E isso vai de encontro com outra recomendação do Mestre, quando ele diz que devemos ser mansos e prudentes. Então, sim, mansos com a cobra, jamais a odiar, a maldizer ou querer se vingar dela, ou julgá-la mal por ser uma cobra, mas estarmos lúcidos para perceber que corremos perigo diante dela, e que acaso ela se enrosque, é melhor que nos afastemos, para nos prevenirmos do mal. Se Deus achar que precisamos ser picados por uma cobra, nós o seremos, sem que precisemos fazer nada à respeito. PAssaremos por ela sem meios de perceber, e seremos pegos de surpresa. Agora, se Ele coloca à nossa frente uma cobra, e nos dá os meios e o tempo de perceber o perigo, nós não temos que fingir que o perigo ou o mal não existem, porque seria imprudência. Ver a verdade não é ruim, mas julgá-la é sim. Ver o mal não é ruim, mas julgar o mal é sim, porque só Deus pode saber a profundezas do coração humano, e os motivos justos de cada um. Nós só podemos - e devemos - observar, seja para ajudar, para servir, seja para nos resguardar do mal, mas nunca para julgar.

Abraços e parabéns pelo ótimo blog!

Anónimo disse...

as pessoas julga tanto sera porque ?

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