domingo, dezembro 03, 2006

Uma carta ao irmão que não nasceu

Meu querido irmão:
Hoje, enquanto olhava alegremente nos olhos do meu filhinho, perguntei-me como é possível que alguém possa fazer mal a uma criatura inocente como esta que não se pode defender, e chorei por todos aqueles bebés que foram abortados, e não tiveram a sorte que o meu filho teve, de poder nascer e ser embalado nos braços de uma mãe que o esperou com amor.
Embora não tivesse a mesma sorte em te conhecer nesta terra, eu amo-te muito, meu irmão, pois através dos olhos da alma eu te vislumbrei. Sei que, se tivesses podido nascer, terias o cabelo preto do nosso pai e os olhos vivos e alegres da nossa mãe; talvez até te parecerias um pouco comigo. Nesta carta a qual, com o favor de Deus, espero que os anjos te façam chegar, quero-te pedir que perdoes a nossa mãe por não te ter permitido nascer. Pobrezinha, não soube o que tinha feito até muitos anos depois.
Um triste dia, ambas contemplamos horrorizadas a realidade do aborto homicida, reflectida em algumas fotos, verdadeiras provas de que o aborto é um crime. Que dor tão grande sentimos, querido irmão, ao ver aquelas fotos pela primeira vez e comprovar como deve ter ficado o teu corpinho depois do aborto que te privou da vida; e que, embora passados já vários anos, a nossa querida mãe não consegue esquecer! Irmãozinho, ela ainda sonha contigo, sobre como serias, e eu às vezes, quando reunimos todos os irmãos na mesa familiar com os nossos pais, sinto no meu coração a tua ausência que faz com que o grupo esteja incompleto e pergunto-me como seria ter-te aqui connosco.
Lá no céu, onde sei que, graças à misericórdia de Deus, tu estás, rogo a Ele para que te envie os meus pensamentos, e peço-te perdão em nome da nossa mãe, a quem a imensa dor do arrependimento e o peso que leva em sua consciência pela tua morte, não a deixam expressar em palavras o que de veras sente. Roga a Deus por ela, pois embora saiba que Ele a perdoou, porque não sabia o que fazia, ainda lembra e pensa no muito que te teria amado, se tivesses nascido. Pede a Ele por outras mulheres, para que não caiam no mesmo erro que a nossa mãe, por falta de conhecimento. Da minha parte, prometo que, ainda que não te pude salvar do aborto, outras crianças serão salvas pelo meu esforço, pois trabalharei para levar às suas mães, a mensagem que a nossa não recebeu.
Com Amor e lembrança, da tua irmã que espera, com a ajuda de Deus, encontrar-se contigo um dia na eternidade...
Anónimo, "Carta ao irmão que não conheço," em Escolha a Vida (Janeiro/Fevereiro de 1991), suplemento "Caminos de Esperanza". Baseada numa experiência de vida real.

2 comentários:

Anónimo disse...

Viana , esta questão é uma das muitas , em que não estamos de acordo . Acho que nós ( sociedade )somos cinicos nesta questão . Fechamos os olhos quando as meninas / senhoras com posses vão Espanha abortar , e somos os primeiros a arranjar grupos de pressão para que o "não ao aborto" vença no referendo .

Anónimo disse...

Se calhar essas senhoras meninas que vão a Espanha a abortar são as primeiras a defender o Não. Essas sim e esses também, é que são hipócritas!

Mas na minha perspectiva a questão do aborto, vai muito mais além! Passa pelos valores. Os valores que as pessoas já não têm! Sobretudo, o principal valor, que é a VIDA.

Beijos,
Mada.

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