quinta-feira, maio 03, 2007

Silêncio e Oração

Jesus "...de madrugada, ainda escuro, levantou-se e saiu; foi para um lugar solitário e ali se pôs em oração." (São Marcos 1, 35)

O próprio Jesus, Deus e Senhor, cuja força não tinha necessidade de apoio no retiro nem estava entravada pela sociedade dos homens, teve contudo o cuidado de nos deixar o seu exemplo. Antes do seu ministério de pregação e de milagres, submeteu-Se, na solidão, à prova da tentação e do jejum (Mt 4, 1ss.). Narra a Escritura que, deixando a multidão dos discípulos, subiu sozinho à montanha, para rezar (Mc 6, 46). Depois, na hora em que a sua Paixão estava iminente, abandona os discípulos e vai rezar sozinho (Mt 26, 36): exemplo máximo das vantagens da solidão para a oração, pois não deseja rezar ao lado dos companheiros, mesmo que sejam os apóstolos.
Não nos convém deixar passar em silêncio semelhante mistério, que a todos diz respeito. Ele, o Senhor, o Salvador do género humano, oferece-nos na Sua Pessoa um exemplo vivo. Sozinho no deserto, entrega-Se à oração e aos exercícios da vida interior – ao jejum, à vigília e aos outros frutos de penitência –, vencendo assim as tentações do adversário com as armas do Espírito.
Ó Jesus, aceito que, exteriormente, ninguém esteja comigo; mas que seja para que, no interior, esteja ainda mais contigo. Infeliz do homem só, se Tu não estás só com ele! E quantos homens se encontram entre a multidão, mas na realidade estão sós, porque não estão contigo. Gostaria de, contigo, nunca estar só. Porque, nesses momentos em que ninguém está comigo, nem por isso estou só; sou, eu próprio, uma multidão.
Guigues, o Cartuxo (1083-1136)
Prior da Grande Cartuxa

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