“Homem, fui Eu que, com as Minhas mãos, te formei do pó da terra, fui Eu que insuflei o espírito no teu corpo de terra, fui Eu que Me dignei atribuir-te à Nossa imagem e à Nossa semelhança, fui Eu que te coloquei no meio das delícias do paraíso. Mas tu, desprezando os mandamentos da vida, preferiste seguir o sedutor a seguir o Senhor."
“Consequentemente, quando foste expulso do paraíso e ficaste preso nas cadeias da morte pelo pecado, enternecido de misericórdia, Eu entrei num seio virginal para vir ao mundo, sem prejuízo para essa virgindade. Fui estendido numa manjedoura, envolvido em panos; suportei os dissabores da infância e os sofrimentos humanos, pelos quais Me fiz semelhante a ti, com o único objectivo de te tornar semelhante a Mim. Suportei as bofetadas e os escarros daqueles que se riam de Mim, bebi vinagre com fel. Flagelado com varas, coroado de espinhos, pregado à cruz, trespassado pela lança, entreguei a alma aos tormentos para te arrancar à morte. Vê a marca dos cravos com que fui pregado; vê o Meu lado trespassado de feridas. Suportei estes sofrimentos para te dar a Minha glória; suportei a tua morte para tu vivesses para toda a eternidade. Repousei, encerrado no sepulcro, para que tu reinasses no céu."
“Por que perdeste aquilo que sofri por ti? Por que renunciaste às graças da tua redenção? Dá-Me a tua vida, pela qual dei a Minha; dá-Me a tua vida, que destróis sem cessar pelos ferimentos dos teus pecados.”
São César de Arles (470-543), Monge e Bispo
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