domingo, novembro 05, 2006

CRISTO (Não o confudamos com Buda, Maomé ou com os «avatares»)

Já no Evangelho encontramos duas posições possíveis, em relação a Cristo. O próprio Senhor distingue: o que dizem as pessoas e o que vós dizeis. Pergunta o que dizem as pessoas que O conhecem em segunda mão, ou de modo histórico, literário, e depois o que dizem aqueles que o conhecem intimamente e que realmente entraram em contacto com Ele, que têm experiência da sua Santidade. Esta distinção permanece presente ao longo de toda a História: há uma impressão de fora que tem elementos de verdade. No Evangelho vê-se que alguns dizem: «É um profeta». Assim como hoje se diz que Jesus é uma grande personalidade religiosa ou que está entre os avatares (as múltiplas manifestações do divino). Mas aqueles que entraram em comunhão com Jesus reconhecem que se trata de uma outra realidade, é Deus presente num homem. Buda, em substância, diz: «Esqueçam-me, andem só no caminho que vos mostrei». Maomé afirma: «O senhor Deus deu-me estas palavras que verbalmente vos transmito no Corão». E assim por diante. Mas Jesus não entra nesta categoria de personalidades visíveis e historicamente diversas. Menos ainda é um dos avatares, no sentido dos mitos da realidade hinduísta. É uma realidade completamente diferente. Pertence a uma história, que começa com Abraão, na qual Deus mostra o seu rosto, Deus revela-se como uma pessoa que sabe falar e responder, que entra na história. É esse rosto de Deus, de um Deus que é pessoa e actua na história, encontra o seu cumprimento naquele instante em que o próprio Deus, fazendo-se homem Ele mesmo, entra no tempo. Assim, mesmo historicamente, não se pode comparar Jesus Cristo às várias personalidades religiosas ou às visões mitológicas orientais.


Papa Bento XVI ( in "Dicionário do Papa Ratzinger" )

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