3º Domingo da Quaresma "Nessa ocasião, apareceram alguns a falar-lhe dos galileus, cujo sangue Pilatos tinha misturado com o dos sacrifícios que eles ofereciam. Respondeu-lhes: «Julgais que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros galileus, por terem assim sofrido? Não, Eu vo-lo digo; mas, se não vos converterdes, perecereis todos igualmente. E aqueles dezoito sobre os quais caiu a torre de Siloé, matando-os, eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não, Eu vo-lo digo; mas, se não vos converterdes, perecereis todos da mesma forma.» Disse-lhes, também, a seguinte parábola: «Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e foi lá procurar frutos, mas não os encontrou. Disse ao encarregado da vinha: 'Há três anos que venho procurar fruto nesta figueira e não o encontro. Corta-a; para que está ela a ocupar a terra?' Mas ele respondeu: 'Senhor, deixa-a mais este ano, para que eu possa escavar a terra em volta e deitar-lhe estrume. Se der frutos na próxima estação, ficará; senão, poderás cortá-la.'»" São Lucas 13, 1-9
Grande paciência a de Deus! Ele faz nascer o dia e erguer-se a luz do sol sobre bons e maus (Mt 5, 45). Ele rega a terra com a chuva, e a ninguém exclui dos seus benefícios, concedendo a água indistintamente a justos e a injustos. Vemo-lo agir com igual paciência com culpados e inocentes, fiéis e ímpios, agradecidos e ingratos. Para todos eles, os tempos obedecem às ordens de Deus, os elementos colocam-se ao Seu serviço, sopram os ventos, brota água das fontes, as colheitas crescem em abundância, as uvas amadurecem, as árvores enchem-se de frutos, as florestas cobrem-se de verdes e os prados de flores. Embora tenha poder para se vingar, prefere ter paciência por muito tempo, espera e adia com bondade para que, se for possível, a malícia se atenue com o tempo e o homem acabe por se voltar para Deus, segundo o que Ele próprio nos diz: “Não tenho prazer na morte do ímpio, mas sim na sua conversão, de maneira que ele tenha a vida” (Ez 33, 11). E ainda: “Convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque Ele é bom e compassivo, clemente e misericordioso” (Jl 2, 13).
Ora, Jesus diz-nos: “Sede perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celeste” (Mt 5, 48). Por meio destas palavras, mostra-nos que, filhos de Deus e regenerados por um nascimento celeste, alcançamos o cume da perfeição quando a paciência de Deus Pai permanece em nós e a semelhança divina, perdida pelo pecado de Adão, se manifesta e brilha nas nossas acções. Que glória assemelharmo-nos a Deus, que grande honra possuirmos esta virtude digna dos louvores divinos!
São Cipriano (c. 200-258)
Bispo de Cartago e Mártir
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