Que necessidade havia de o Filho de Deus sofrer por nós? Uma grande necessidade, que se pode resumir em dois pontos: necessidade de remédio para os nossos pecados, necessidade de exemplo para a nossa conduta. Porque a Paixão de Cristo dá-nos um exemplo válido para toda a nossa vida. Se procuras um exemplo de caridade: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 13). Se procuras a paciência, é na cruz que ela se encontra maximamente. Cristo sofreu grandes males na cruz, e com paciência, já que, “quando O insultavam, não ameaçou” (1 Ped 2, 23), “não abriu a boca, como cordeiro levado ao matadouro” (Is 53, 7); “Devemos correr com perseverança a carreira que nos é proposta, com os olhos fixos em Jesus, autor e consumador da fé, o Qual, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a ignomínia” (Heb 12, 1-2).
Se procuras um exemplo de humildade, olha para o crucificado. Porque Deus quis ser julgado por Pôncio Pilatos e morrer. Se procuras um exemplo de obediência, basta-te seguir Aquele que se fez obediente ao Pai “até à morte” (Fil 2, 8); “Porque, como pela desobediência de um só, muitos se tornaram pecadores, assim também, pela obediência de um só, muitos se tornaram justos” (Rom 5, 19). Se procuras um exemplo de desprezo pelos bens terrenos, basta-te seguir Aquele que é Rei dos Reis e Senhor dos Senhores “no Qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Col 2, 3) que, na cruz, está despido, objecto de desprezo, coberto de escárnio e de ferimentos, coroado de espinhos e, finalmente, dessedentado em fel e vinagre.
São Tomás de Aquino
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