"Jesus foi para o Monte das Oliveiras. De madrugada, voltou outra vez para o templo e todo o povo vinha ter com Ele. Jesus sentou-se e pôs-se a ensinar. Então, os doutores da Lei e os fariseus trouxeram-lhe certa mulher apanhada em adultério, colocaram-na no meio e disseram-lhe: «Mestre, esta mulher foi apanhada a pecar em flagrante adultério. Moisés, na Lei, mandou-nos matar à pedrada tais mulheres. E Tu que dizes?» Faziam-lhe esta pergunta para o fazerem cair numa armadilha e terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se para o chão, pôs-se a escrever com o dedo na terra. Como insistissem em interrogá-lo, ergueu-se e disse-lhes: «Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra!» E, inclinando-se novamente para o chão, continuou a escrever na terra. Ao ouvirem isto, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher que estava no meio deles. Então, Jesus ergueu-se e perguntou-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?» Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» Disse-lhe Jesus: «Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar.»" (São João 8,1-11)
Ó meu Deus, que amas perdoar, meu Criador,
faz crescer sobre mim o fulgor da tua luz inacessível
para que encha de alegria meu coração.
Ah! não te irrites! Ah! não me abandones!
Mas faz resplandecer a minha alma com a tua luz,
porque a tua Luz, ó meu Deus, és tu...
Afastei-me do caminho recto, do caminho de Deus,
e caí lamentavelmente da glória que me tinha sido dada.
Fui despojado da veste luminosa, da veste de Deus,
e, caído nas trevas, nas trevas permaneço,
e não sei mesmo que estou privado da Luz...
Porque, se tu brilhaste no alto, se apareceste na obscuridade,
se vieste ao mundo, ó Misericordioso, se quiseste viver com os homens,
segundo a nossa condição, por amor ao homem,
se...disseste que eras a luz do mundo (Jo 8,12)
e, ainda assim, nós não te vimos,
não seremos nós totalmente cegos
e mais desgraçados do que os próprios cegos, ó meu Cristo?
Mas tu, que és todos os bens,
tu os dás sem cessar aos teus servos,
aos que vêem a tua luz...
Quem te possui, realmente possui tudo em ti.
Que eu não seja privado de ti, Mestre!
Que eu não seja privado de ti, Criador!
Que eu não seja privado de ti, Misericordioso,
eu que sou um humilde estrageiro...
Peço-te: dá-me um lugar junto de ti,
mesmo se multipliquei meus pecados mais do que todos os homens.
Aceita a minha oração como a do publicano (Lc 18,13),
como a da prostituta (Lc 7,38), Mestre,
como a da prostituta (Lc 7,38), Mestre,
ainda que eu não chore como ela...
Não és tu a nascente da piedade, a fonte da misericórdia e o rio da bondade?
Tem piedade de mim!
Sim, tu que tiveste as mãos, que tiveste os pés pregados na cruz,
que tiveste o lado trespassado pela lança, ó todo-Compassivo,
tem piedade de mim e arranca-me ao fogo eterno...
Que nesse dia eu me erga sem condenação diante de ti,
para ser acolhido na sala das tuas núpcias,
em que partilharei a tua felicidade, meu bom Mestre,
na alegria inexprimível, por todos os séculos. Amen!
S. Simeão, o Jovem Teólogo (c. 949-1022)
Monge ortodoxo
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