«Santificado seja o vosso nome. Venha a nós o vosso Reino.» Admirai aqui, minhas filhas, a imensa sabedoria do nosso Mestre! Que queremos nós quando pedimos esse Reino? Nosso Senhor conhecia a nossa extrema fraqueza. Ele sabia que nós éramos incapazes de santificar, de louvar, de exaltar, de glorificar o nome santíssimo do Pai eterno duma forma conveniente, a menos que atendesse a isso dando-nos logo cá em baixo o seu Reino. Foi exactamente por isso que o bom Jesus juntou aqui estes dois pedidos.
Em minha opinião, um dos grandes bens que encerra o Reino do céu é que, lá, ficamos afastados de todas as coisas da terra; lá, goza-se um repouso e uma beatitude íntimas; lá, participa-se da alegria de todos numa paz perpétua, numa felicidade profunda de ver todos os eleitos santificarem e louvarem o Senhor, abençoando o seu nome, sem que se ache alguém que O ofenda. Todos O amam, e a alma não tem outra ocupação que não seja amá-lO, e não pode deixar de O amar porque O conhece. Pois bem! Se nós pudéssemos conhecê-lO, amá-lO-íamos do mesmo modo cá em baixo, não todavia tão perfeitamente nem com essa estabilidade, mas enfim, amá-lO-íamos de modo diferente daquele com que O amamos.
Aquilo de que estamos a tratar é possível à alma, já neste exílio, com a graça de Deus. Mas, na verdade, ela não pode atingi-lo perfeitamente, pois ainda navegamos no mar deste mundo, e continuamos viajantes. Há contudo momentos em que o Senhor, vendo-nos fatigados do caminho, põe todas as nossas forças na calma e a nossa alma na quietude. Então, Ele revela claramente, por um certo ante-gosto, qual é o sabor da recompensa reservada àqueles que introduz no seu Reino.
Santa Teresa d’Ávila
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