sábado, agosto 25, 2007

Evangelho do dia - Escutar Deus nas Sagradas Escrituras

"Jesus percorria cidades e aldeias, ensinando e caminhando para Jerusalém. Disse-lhe alguém: «Senhor, são poucos os que se salvam?» Ele respondeu-lhes: «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir. Uma vez que o dono da casa se levante e feche a porta, ficareis fora e batereis, dizendo: 'Abre-nos, Senhor!' Mas ele há-de responder-vos: 'Não sei de onde sois.' Começareis, então, a dizer: 'Comemos e bebemos contigo e Tu ensinaste nas nossas praças.' Responder-vos-á: 'Repito-vos que não sei de onde sois. Apartai-vos de mim, todos os que praticais a iniquidade.' Lá haverá pranto e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacob e todos os profetas no Reino de Deus, e vós a serdes postos fora. Hão-de vir do Oriente, do Ocidente, do Norte e do Sul, sentar-se à mesa no Reino de Deus. E há últimos que serão dos primeiros e primeiros que serão dos últimos.»" São Lucas 13, 22-30
Prestai atenção, caríssimos irmãos : as Sagradas Escrituras foram-nos transmitidas por assim dizer como cartas vindas da nossa pátria. Com efeito, a nossa pátria é o paraíso ; os nossos pais são os patriarcas, os profetas, os apóstolos e os mártires; os nossos concidadãos são os anjos; o nosso rei é Cristo. Quando Adão pecou, fomos por assim dizer lançados no exílio deste mundo. Mas, porque o nosso rei é fiel e misericordioso mais do que se possa imaginar ou dizer, dignou-se enviar-nos, por intermédio dos patriarcas e dos profetas, as Sagradas Escrituras, como cartas de convite, pelas quais nos convidava para a nossa eterna e primeira pátria… Em razão da sua inefável bondade, convidou-nos a reinar como ele.
Nessas condições, que ideia farão de si mesmos os servos que não se dignam a ler as cartas que nos convidam à bem-aventurança do Reino? "... Aquele que ignora será ignorado » (1 Co 14, 38). Na verdade, aquele que negligencia procurar Deus neste mundo pela leitura dos textos sagrados, Deus, por seu lado, recusar-se-á a admiti-lo à bem-aventurança eterna. Ele deve temer que lhe fechem as portas, que o deixem fora com as virgens loucas (Mt 25, 10) e que mereça ouvir : « Não sei quem vós sois ; não vos conheço ; afastai-vos de mim, vós todos que fizestes o mal”… Aquele que quiser ser escutado favoravelmente por Deus deve começar por escutar Deus. Como teria a veleidade de querer que Deus o escute favoravelmente, se prestou tão pouca atenção, que até negligenciou ler os seus preceitos?
São Cesário de Arles (470-543)
Monge e Bispo

2 comentários:

Luis Carlos disse...

Nelson,

Para mim, não há qualquer ligação entre o título do post com a passagem do Lucas, não é feita qualquer referência de que temos que ler as sagradas escrituras para escutar Deus.

Jesus foi mundano sem ser deste mundo, assim como nós, por isso caminhou por cidades e aldeias, não parou muito, apenas para descansar e meditar. Caminhou ensinando o que lhe vinha da sua experiência e não dos livros sagrados, pois não há referência de que carregava consigo esses livros, como fazem os missionários de hoje. O caminhar para Jerusalém quer dizer que ele já ia ao encontro com o poder temporal do sacerdotes do Templo de Jerusalém e do Império Romano, e Jesus sabia que iria ser de morte esse encontro, por isso aparece nestas passagens do Lucas, algo agressivo, pondo as coisas de uma forma brutal para que as pessoas que o rodeiam entendam que não há possibilidade de entendimento entre o poder temporal e o poder espiritual.

À questão formulada por “alguém”, que quer dizer toda a humanidade, e que continua a ser formulada pelas pessoas de hoje: “Senhor, são poucos os que se salvam?”, Jesus diz “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita...”. Que porta estreita é esta? Para mim, é a nossa consciência de quem somos realmente, o amor por nós próprios, é estar no mundo sem ser do mundo, é iluminação, é a transcendência, por isso ele segue dizendo: “..., porque eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir.”. Entrar aonde? Para mim, é a entrada no absoluto, é o ver as ilusões nesta realidade relativa, pois até, a morte física é uma ilusão. Segue-se depois uma parábola, e é preciso ver a alegoria como uma alegoria, mas ela tem algo de concreto por detrás.

Esta parábola diz respeito a quem aceitou as ilusões como verdades, aceitando ser do mundo e vivendo no mundo, a quem aceitou que o seu Eu é o seu corpo, nada mais que o seu corpo, por isso se fala no meio da parábola “Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste nas nossas praças”, por outro lado esta frase também é para os seus seguidores, apóstolos e discípulos, que andam atrás dele, comem e bebem com ele, mas continuam sem perceber o que Jesus é e diz que é, e não fazem esforço algum para perceberem quem eles são realmente, e não entendem o caminho que Jesus fez, caminho esse, interior e íntimo. O “Senhor” da parábola é a nossa alma, e é assim que muitos vivem, confusos consigo próprios, tentam encontrar-se consigo próprios, mas como se consideram menos do que são, jamais encontrarão a paz. E continua, “Lá haverá pranto e ranger de dentes...”. Lá, aonde? Para mim, “lá” é fora de nós de mesmos, fora da “casa da alma”, e só fora dela é que há este inferno com pranto e ranger de dentes.

A seguir, Jesus aproveita a mentalidade existente no seu tempo, para mandar uns recados aos seus concidadãos judeus e fala de Abraão, Isaac, Jacob e dos profetas que eram estudados e ensinados nas sinagogas, para dizer que eles já lá estão nesse reino de Deus e que os outros serão deixados fora desse reino, dizer isto, é uma blasfémia, pois os judeus se consideram o povo escolhido de Deus, então como pode Jesus dizer que os fervorosos e penitentes judeus ficaram de fora desse reino de Deus? E continua o ataque à mentalidade do judaísmo, dizendo que muitos não judeus virão de todas as partes do mundo para entrar no reino de Deus, Jesus quebra e estilhaça o orgulho judeu, parte o cinismo de serem o único povo escolhido por Deus. Jesus então remata dizendo que os judeus que se julgam os primeiros para entrarem no reino de Deus serão afinal os últimos e que aqueles que se consideram os últimos serão os primeiros.

Podemos então transportar este ataque à mentalidade judaica, e dizermos que este ataque também é à mentalidade do catolicismo apostólico romano de hoje, assim como de outras igrejas cristãs e outras religiões que são guiadas pelos chamados Livros Sagrados.

Até já,
Luís Carlos

Maria João disse...

A porta é estreita, mas muito bonita. Para lá chegarmos temos de carregar muitas cruzes, nossas e dos outros, temos de amar muito, com oração, palavra e acção - como dizia Stª Teresinha do Menino Jesus-.

A caminhada não é nada fácil, mas como para a fazermos levamos um amigo - Jesus Cristo - tudo se torna mais fácil, mesmo nos piores momentos.

Não esqueçamos que para entrar na porta temos de caminhar desde já. Jesus é misericordioso e tem uma grande paciência, mas tudo tem limites. Se não O queremos na nossa vida, Ele, depois de muitos convites, deixa-nos e aceita a nossa decisão.

beijos em Cristo

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