
Hoje em dia, porém, encontramos homens que apenas consideram os preceitos rigorosos, que mandam reprimir os perturbadores, não dar as coisas santas aos cães (Mt 7, 6), tratar como os publicanos aqueles que desprezam a Igreja (Mt 18, 17), cortar do corpo o membro escandaloso (Mt 5, 30). O zelo intempestivo destas pessoas perturba de tal maneira a Igreja, que gostariam de arrancar a cizânia antes do tempo, e a sua cegueira faz deles inimigos da unidade de Jesus Cristo.
Evitemos deixar entrar no nosso coração estes pensamentos presunçosos, procurar separar-nos dos pecadores, a fim de não nos mancharmos pelo contacto com eles, querer formar como que um rebanho de discípulos puros e santos; mais não faríamos do que romper a unidade, sob pretexto de não prestar atenção aos maus. Pelo contrário, recordemos as parábolas da Escritura, as suas palavras inspiradas, os seus exemplos admiráveis, por meio dos quais se nos mostra que, na Igreja, os maus estarão sempre misturados com os bons, até ao fim do mundo e ao dia do juízo, sem que a sua participação nos sacramentos seja prejudicial aos bons, desde que estes não tenham participação nos seus pecados.
Santo Agostinho
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