sábado, janeiro 27, 2007

"Nenhum profeta é bem recebido na sua pàtria"

"Começou, então, a dizer-lhes: «Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir.» Todos davam testemunho em seu favor e se admiravam com as palavras repletas de graça que saíam da sua boca. Diziam: «Não é este o filho de José?» Disse-lhes, então: «Certamente, ides citar-me o provérbio: 'Médico, cura-te a ti mesmo.' Tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaúm, fá-lo também aqui na tua terra.» Acrescentou, depois: «Em verdade vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua pátria. Posso assegurar-vos, também, que havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e houve uma grande fome em toda a terra; contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas sim a uma viúva que vivia em Sarepta de Sídon. Havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu, mas nenhum deles foi purificado senão o sírio Naaman.»
Ao ouvirem estas palavras, todos, na sinagoga, se encheram de furor. E, erguendo-se, lançaram-no fora da cidade e levaram-no ao cimo do monte sobre o qual a cidade estava edificada, a fim de o precipitarem dali abaixo. Mas, passando pelo meio deles, Jesus seguiu-o seu caminho." Sao Lucas 4, 21-30

Cristo quis levar para Si o mundo inteiro e conduzir para Deus Pai todos os habitantes da terra... As gentes vindas do paganismo, enriquecidas pela fé em Cristo, beneficiaram do tesouro divino da proclamacão que traz a salvação. Por ela, tornaram-se participantes do Reino dos céus e companheiros dos santos, herdeiros das realidades inexprimíveis (Ef 2, 19. 3,6)... Cristo promete a cura e o perdão dos pecados aos que têm o coração partido, e dá a vista aos cegos. Como poderiam não ser cegos os que não reconhecem Aquele que é o verdadeiro Deus? Não está o seu coração privado da luz divina e espiritual? A eles o Pai envia a luz do verdadeiro conhecimento de Deus. Chamados pela fé, conheceram-nO; mais ainda, eles foram reconhecidos por Ele. Quando eram filhos da noite e das trevas, tornaram-se filhos da luz (Ef 5,8), pois o dia iluminou-os, o Sol da justiça ergueu-se para eles (Ml 3,20), e a estrela da manhã apareceu-lhes em todo o seu esplendor.
Nada, portanto, se opõe a que apliquemos tudo o que acabamos de dizer aos filhos de Israel. Também eles, com efeito, tinham o coração partido, eram pobres e como que prisioneiros, e cheios de trevas... Mas Cristo veio anunciar os benefícios do Seu advento, precisamente aos descendentes de Israel, antes de todos os outros, e proclamar, ao mesmo tempo, o ano da graça do Senhor (Lc 4,19) e o dia da recompensa.
O ano da graça, é aquele em que Cristo foi crucificado por nós. É que foi então que nos tornámos agradáveis a Deus Pai. E damos fruto em Cristo, como Ele mesmo nos ensinou: «Amen, amen, eu vo-lo digo: se o grão de trigo deitado à terra não morrer, ficará só; mas, se morrer, dará fruto mais abundante» (Jo 12,24). Ele disse ainda: «Quando eu for elevado da terra, atrairei a mim todos os homens» (Jo, 12,32). Em verdade, ele retomou a vida ao terceiro dia, depois de ter calcado com os pés o poder da morte. Depois, disse aos seus discípulos: «Todo o poder me foi dado sobre o céu e sobre a terra. Ide! De todas as nações fazei discípulos» (Mt 28, 18-19).

Sao Cirilo de Alexandria (380-444)
Bispo, Doutor da Igreja

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