terça-feira, julho 03, 2007

A Lei enraizada nos nossos corações

"Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição. Porque em verdade vos digo: Até que passem o céu e a terra, não passará um só jota ou um só ápice da Lei, sem que tudo se cumpra. Portanto, se alguém violar um destes preceitos mais pequenos, e ensinar assim aos homens, será o menor no Reino do Céu. Mas aquele que os praticar e ensinar, esse será grande no Reino do Céu." (São Mateus 5, 17-19)
Há preceitos da lei natural que, só por si, nos dão a justiça; mesmo antes do dom da Lei a Moisés, havia homens que observavam esses preceitos e eram justificados pela sua fé e agradavam a Deus. Esses preceitos, o Senhor não os aboliu mas alargou-os e levou-os à perfeição. É isso que provam estas palavras: "Foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Mas eu digo-vos: Todo aquele que olhar para uma mulher e a cobiçar já cometeu adultério com ela no seu coração". E também: "Foi dito: Não matarás. Mas eu digo-vos: Todo aquele que se encolerizar contra o seu irmão sem motivo, responderá por isso em tribunal" (Mt 5,21sg)... E assim sucessivamente. Todos estes preceitos não implicam uma contradição ou abolição aos precedentes, mas o seu cumprimento e a sua extensão. Como o próprio Senhor diz: "Se a vossa justiça não ultrapassar a dos escribas e dos Fariseus, não entrareis no reino dos Céus" (Mt 5,20).
Em que consistia essa ultrapassagem? Primeiro, em acreditar não só no Pai mas também no Filho agora manifestado, porque é Ele quem conduz o homem à comunhão e à união com Deus. Em seguida, em não dizer apenas mas em fazer, porque "eles dizem mas não fazem (Mt, 23,3), e em guardar-se não só dos actos maus, mas até do desejo deles. Ao ensinar isto, Ele não contradizia a Lei, mas cumpria a Lei e enraizava em nós as prescrições da Lei... Procurar abster-se não só dos actos proibidos pela Lei mas mesmo do seu desejo, não é obra de quem contradiz e abule a Lei; é obra de quem a cumpre e alarga.
Santo Ireneu de Lião (c. 130 - c. 208)
Bispo, teólogo e mártir
Contra as Heresias, IV, 13,3

2 comentários:

Maria João disse...

Este post fez-me lembrar como é importante que apliquemos a Lei de Deus, o Amor, em todos os momentos. Não matar, é algo que é pacífico. Todos concordam que não está certo. Não roubar a mesma coisa.

Mas a lei de Deus Pai é mais do que isso. É sobretudo amar o desconhecido e o inimigo. É amar com oração, palavra e acção como dizia Santa Teresinha do Menino Jesus. Esta é a parte mais difícil, mas a mais bonita. Enquanto não experimentarmos ver o rosto de Cristo em cada irmão, principalmente no inimigo, não vamos conseguir entender e sentir de todo o que é o Amor de Deus.

Pode não ser fácil. Mas, penso que se torna mais difícil, porque nos esquecemos ou não sabemos que em todos os actos devemos dizer "Jesus, molda-me. É contigo que ajudo os outros, é contigo que trabalho, é contigo que amo os inimigos e os desconhecidos". Só assim conseguiremos dizer como S. Paulo, que não somos nós que vivemos, mas é DEus que vive em nós.

beijos em Cristo

Luis Carlos disse...

Olá Nelson,

Como se pode ver, Jesus está no início da pregação da boa notícia. Como é óbvio, percebeu que teria de falar da Lei e dos Profetas, para cativar os seus ouvintes. Não fosse ele também judeu. Mas qual Lei? Quais Profetas? Esta Lei é a Lei do Amor posta na letra da intricada lei mosaica, não é a lei da religião dos sacerdotes do templo de Jerusalém. Os Profetas são aqueles que se ouviram, que se escutaram, e nas suas almas surge a mensagem de boa nova e a transmitiram sem medos e sem rodeios. Ao dizer “... levá-los à perfeição”, Jesus quer dizer que os doutores da lei deturparam a Lei e os Profetas, para assim poderem chegar ao poder e controlarem as vidas das pessoas, por isso, logo de seguida diz que pode acabar o céu e a terra, quer dizer, pode acabar o poder temporal dos poderosos deste mundo, mas a Lei do Amor proclamada pelos Profetas não acabará, até que se acabe este mundo.

Depois chama a atenção de quem o ouve, que ninguém é excluído de Deus (Reino de Deus), mas aquele que ensina e não pratica o que ensina, está a enganar e a enganar-se, e por isso é chamado de menor, menor no amor por si mesmo e pelo os outros. O que ensina e pratica o que ensina, esse é chamado de grande, grande de amor, por que o seu ensinamento vem de dentro, vem da sua experiência pessoal dos ensinamentos. Façamos assim.

Até já,
Luís Carlos

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