terça-feira, julho 03, 2007

Os dois mandamentos do amor

São Basílio
Pergunta:
Para começar, pedimos que nos digam se os mandamentos de Deus se seguem por uma certa ordem. Há um primeiro, um segundo, um terceiro, e por aí fora?
Resposta:
O próprio Senhor determinou a ordem por que devem ser guardados os seus mandamentos. O primeiro e o maior é aquele que diz respeito à caridade para com Deus, e o segundo, que se lhe assemelha, ou, mais precisamente, o complementa e é sua consequência, diz respeito ao amor ao próximo...
Pergunta:
Falai primeiro do amor de Deus. Está claro que é preciso amar a Deus, mas como devemos amá-lO?...
Resposta:
O amor a Deus não se ensina. Ninguém nos ensinou a aproveitar a luz ou a defender a vida acima de tudo; também ninguém nos ensinou a amar os que nos puseram no mundo ou nos educaram. Do mesmo modo, ou ainda com mais forte razão, não é um ensinamento exterior que nos ensina a amar a Deus. Na própria natureza do ser vivo – quero dizer do homem – é deposta uma espécie de germe que contém em si o princípio dessa aptidão para amar. É à escola dos mandamentos de Deus que compete recolher esse germe, cultivá-lo diligentemente, alimentá-lo com zelo, e dilatá-lo mediante a graça divina.
Aprovo o vosso zelo, é indispensável ao propósito... É preciso saber que esta virtude da caridade é uma, mas que potencialmente ela abarca todos os mandamentos: «Pois aquele que me ama, diz o Senhor, cumpre os meus mandamentos» (Jo 14, 23), e ainda : «nestes dois mandamentos está contida toda a lei e os profetas» (Mt 22, 40).
São Basílio (c. 330-379),
Monge e bispo de Cesareia, na Capadócia
Doutor da Igreja

3 comentários:

Nelson Viana disse...

"Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus...Se alguém disser: «Eu amo a Deus», mas tiver ódio ao seu irmão, esse é um mentiroso; pois aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. E nós recebemos dele este mandamento: quem ama a Deus, ame também o seu irmão." 1 João 4, 7-21

Maria João disse...

É verdade! Gostei muito da parte em que se refere que o amor é inato, já nasce connosco. Os mandamentos de Deus Pai ajudam-nos a manter vivo e, por vezes, a despertar esse Amor.

Por isso toca a amar, a cumprir o principal mandamento de Deus. A semente já cá está. Vamos aumentá-la e pô-la em prática, principlamente com quem mais sofre, com os desconhecidos e com os inimigos.

beijos em Cristo

Luis Carlos disse...

Olá Nelson,

Eu concordo com o Basílio, mas como eu vivo e penso no século XXI, dou mais um passo, e em verdade te digo, que a “caridade com Deus” tem a haver com a relação pessoal e íntima que temos com Deus, Deus não é externo a nós, é mais íntimo do que possamos imaginar, nós somos Deus a viver esta realidade relativa, então a “caridade com Deus” tem a haver com a “caridade para connosco”, é o tal “germe” que o Basílio diz na resposta à segunda questão; e em segundo lugar vem o “amor ao próximo”, como podemos amar o próximo senão nos amamos e por consequência não amamos Deus?

Estes não são mandamentos de Deus, são apenas propostas de Deus, que podemos rejeitar ou aceitar, vivendo a vida segundo essa nossa escolha. O tal “germe” realmente cresce (mas não em quantidade, mas em consciência daquilo que Eu Sou Realmente) com a expansão da nossa visão sobre as possibilidades de amar, amar é criar, então passamos a ser criadores, esse germe é a alma, alma que é uma parte (sem que haja separação) de Deus em nós e que nos inunda e dá sentido (não apenas um sentido) de orientação na nossa vivência nesta realidade relativa, em que algo se define com a presença do seu diferente.

Até já,
Luís Carlos

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