"Como estavam a chegar os dias de ser levado deste mundo, Jesus dirigiu-se resolutamente para Jerusalém e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram numa povoação de samaritanos, a fim de lhe prepararem hospedagem. Mas não o receberam, porque ia a caminho de Jerusalém. Vendo isto, os discípulos Tiago e João disseram: «Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma?» Mas Ele, voltando-se, repreendeu-os. E foram para outra povoação. Enquanto iam a caminho, disse-lhe alguém: «Hei-de seguir-te para onde quer que fores.» Jesus respondeu-lhe: «As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.» E disse a outro: «Segue-me.» Mas ele respondeu: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar o meu pai.» Jesus disse-lhe: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos. Quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus.» Disse-lhe ainda outro: «Eu vou seguir-te, Senhor, mas primeiro permite que me despeça da minha família.» Jesus respondeu-lhe: «Quem olha para trás, depois de deitar a mão ao arado, não está apto para o Reino de Deus.»" (São Lucas 9, 51-62)
O Salvador precedeu-nos no caminho da pobreza. Todos os bens do céu e da terra lhe pertenciam. Não representavam para ele nenhum perigo; podia usá-los mantendo sempre o seu coração inteiramente livre. Mas ele sabia que era impossível a um ser humano possuir bens sem se subordinar a eles e se tornar seu escravo. Por isso ele abandonou tudo e assim nos mostrou pelo seu exemplo, mais do que pelas suas palavras, que só possui tudo aquele que nada possui. O seu nascimento num estábulo e a sua fuga para o Egipto mostravam já que o Filho do homem não devia ter o direito de ter onde repousar a cabeça. Quem o quiser seguir deve saber que não temos aqui em baixo morada permanente. Quanto mais vivamente tomarmos consciência disso, mais ardentemente tenderemos para a nossa morada futura e exultaremos com o pensamento de que temos direito de cidadania no céu.
Santa Teresa Benedita da Cruz [Edith Stein] (1891-1942)
Carmelita, mártir, co-padroeira da Europa
2 comentários:
Esta é a maior prova. Deixar tudo.
O jovem também seguia os mandamentos, mas não conseguiu deixar tudo. Queimou assim um precioso talento.
Mas, também não esqueçamos que quando Jesus nos diz "Segue-Me!" também nos pode estar a dizer: "Não precisas de partir do teu país, não precisas de deixar o teu emprego, mas ajuda-me a espalhar o Meu Amor pelos teus irmãos no teu trabalho, no local onde moras, na tua escola..." .
Enfim... há que rezar muito, fazer silêncio, escutar e aprender a Palavra de DEus, para para partilhar o que sentimos com Jesus e esperar (por mais tempo que leve) que Ele nos diga onde precisa dos nossos pés, da nossas mãos, da nossa boca para espalharmos a Sua Boa Nova que um dia também nos anunciaram. Não enterremos também este talento.
beijos em Cristo
Olá Nelson,
Pois é, os samaritanos não gostavam dos judeus, por isso é que não deram alojamento aos judeus que seguiam Jesus, visto os judeus considerarem os samaritanos uma classe baixa.
Vê lá a reacção dos nossos (agora considerados) santos discípulos, como eles estavam habituados a pedir ao seu deus condenações e aniquilações àqueles samaritanos e outros inimigos, Jesus repreendeu-os e deve ter ficar bastante chateado, depois de andar com eles três anos a falar do deus do amor, da paz, da alegria e de deus para todos, estarem ainda com aquelas coisas na cabeça, tipo "mata e esfola".
Jesus quando fala do Filho do Homem refere-se à humanidade, e assim se percebe que ele não gosta de seguidores de mestres, como se tomassem uma droga para que não pensem, ele gosta de gente de coração grande, com disponibilidade e com amor pelo próximo, pois se os animais têm o seu poiso por que nada requerem, a humanidade não tem lugar para descanso no amparo entre uns e outros.
Jesus é mesmo lixado: "Segue-me" diz ele para ver se havia mais seguidores. Sepultar os mortos naquele tempo era um acto de elevada consideração, um acto nobre e de respeito, portanto este discípulo era muito educado e nobre. Jesus chama mortos aos familiares desse moço, chama mortos por que ainda não viram a vida tal como ela é, e por isso lhe sugere que anuncie a vida tal como ela é (Reino de Deus), livre de ideias pré-concebidas, livre de mitos, livre de ritos e rituais, livre de condições, livre de necessidades, livre de sacrifícios, livre de coisas materiais.
Na terceira tentativa, outro discípulo torna a bater na mesma tecla do seguidismo (esta coisa de não pensar pela própria cabeça), mas agora no condicional, como Jesus naquele dia não estava com meios termos, dispara à bruta, dizendo que quem olha e vive no passado vivendo no presente, não pode anunciar a vida tal como ela é (Reino de Deus).
Belo excerto do Lucas (isto sou eu que tenho aversão ao São, bem sei problema meu)
Força amigo Nelson.
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